
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Isto é que vai uma crise!

domingo, 5 de outubro de 2008
Dinis Machado

Dinis Machado sempre esteve muito ligado a Roussado Pinto (1926/1985), o famoso Ross Pynn dos policiais (o caso da mulher cega, o caso da mulher sádica e outros).
Passaram-me pelas mãos exemplares desses cobiçados policiais, sobretudo da “Colecção Rififi”, ao estilo muito em voga na literatura policial americana. Eram um sucesso e os raros exemplares que iam aparecendo corriam de mão em mão.
Não tarda, as livrarias estarão cheias de reedições de títulos de Dinis Machado e do seu heterónimo Dennis McShade. A morte tem o condão de reavivar a memória, mas depois, como disse o poeta dos heterónimos…
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
Mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes por ano pensam em ti.
Duas vezes por ano suspiram por ti os que te amaram.
e uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala de ti.
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Poesias de Álvaro de Campos, Edições Ática, 1980
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
eu cá gosto muito da disciplina de voto

Alguém imagina os membros do Congresso serem obrigados pelo partido a aceitar que os desmandos dos banqueiros privados sejam tapados com o dinheiro (público) dos contribuintes?
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
divórcio: novas regras
Acabou o divórcio baseado na "culpa" e com ele a humilhação que era a exposição pública das desavenças conjugais. Com a nova lei (se desta vez for aprovada pelo PR), para o tribunal decretar o divórcio litigioso basta ficar provada a ruptura definitiva da vida conjugal "por causas objectivas".
Em 1980, a percentagem dos divórcios litigiosos era de 38%, em 2000 era de 14% e em 2008 de 6%; ou seja: a regra vem sendo a do recurso ao divórcio por acordo do casal (mútuo consentimento) e não pela via do lavar da roupa suja.

Mas há uma outra alteração importante: a nova lei passa a atribuir "créditos de compensação" sempre que se verificar desigualdade na contribuição de cada um para os encargos da vida familiar; se, por exemplo, um dos cônjuges tiver renunciado à sua vida profissional e daí tiverem resultado para si prejuízos patrimoniais importantes, no momento da partilha fica com o direito de exigir do outro a correspondente compensação.
A actual lei apenas prevê o direito do cônjuge não culpado pedir uma indemnização ao outro por danos não patrimoniais.
Daí a pergunta: com a nova lei acaba a guerra dos cifrões?
Cá por mim, não só não acaba como irá aumentar a níveis nunca vistos.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
tempo de ir aos dióspiros

domingo, 28 de setembro de 2008
O mercenário


quarta-feira, 24 de setembro de 2008
casamentos entre homossexuais e um pouco mais

- Para o PS, o assunto “não está na agenda política, nem do governo nem do PS e o PS não anda a reboque de nenhum outro partido.” Estamos conversados.
- Para o PSD e apesar de dividido sobre a matéria, trata-se mais duma questão de consciência, do foro íntimo de cada um. Conversados estamos.
Como é bom de ver, nem o tema é uma mera questão de agenda e muito menos se resume a um assunto do foro íntimo: o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma questão social, que põe em causa o conceito de família que sempre conhecemos.
Ao tratar do direito de família, o Código Civil define o casamento como um “contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante plena comunhão de vida, nos termos deste Código.”. Assim sempre rezou o artigo 1577º daquela lei.
Sou da opinião que o contrato/casamento possa ser celebrado entre pessoas, independentemente do sexo de cada um.
Mas fica a pergunta: porque é que este contrato não há-de ser celebrado entre 2, 3 ou até mais pessoas, como acontece com as demais relações contratuais?
Não me venham com o argumento de que somos herdeiros do direito romano e dos seus princípios monogâmicos. As tradições são como as agendas e os programas: só empatam o progresso.
Quem tem medo da poligamia? […a não ser o ministro das finanças, porque quantos mais forem os membros do agregado familiar mais aumentam as deduções fiscais].
É tempo de dizer não à tradição do matrimónio!
Os cabanais

Na região da Bairrada eram construídos à base de troncos de pinheiro ou de eucalipto: os paus mais grossos constituíam o seu esqueleto, que depois era completado com varas ou travessas horizontais onde depois se ia acamando a palha de milho ou a erva, até formar um verdadeiro telheiro.
Era certo e seguro que a chuva não entrava no seu interior. A palha, essa, serviria para alimentar ao longo do ano os nossos bois e vacas leiteiras; no interior, guardavam-se as espigas de milho e até alfaias agrícolas.
Os cabanais eram um bom esconderijo quando brincávamos aos cobóis.
E à noite - quem não se lembra? - eram local de encontro de amores furtivos ou proibidos.
Olhando à nossa volta, parece que já não vivemos no tempo dos amores escondidos...
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Desterro e degredo
A mais revoltante pena de desterro constava do artigo 372º do CP de 1886: O homem casado que achar sua mulher em adúltério e n'esse acto matar ou a ella ou ao adúltero, ou a ambos, ...será desterrado para fóra da comarca por seis meses.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Venezuela: as eleições regionais

Esta atitude do governo de querer impor as suas regras contra a vontade popular está a levar o País a uma época de confrontos que podem chegar longe demais, com consequências difíceis de imaginar, mas seguramente muito duras para este povo que a única coisa que quer é viver em paz e harmonia.
Os dias que se aproximam podem levar a Venezuela a uma situação que trará enfrentamentos entre os venezuelanos, o que muito provavelmente provocará a impossibilidade de realizar eleições e a instauração dum governo mais autoritário do que hoje temos e ainda com menos liberdade do que aquela a que nos tínhamos acostumado nos últimos 40 anos.
Sopram ventos totalitários nesta querida terra. A liberdade pode ser anulada de um dia ao outro. Vamos todos votar para tratar de evitar essa possibilidade. Senão, que Deus nos proteja!
*
Rui Luzio
sábado, 20 de setembro de 2008
A palavra e a mão

- Direcção Geral: além dos citados, José Salvador, José Gil, Matos Pereira, Fernanda Bernarda e Osvaldo Castro;
- Assembleia Geral: Décio Sousa, Joaquim Gil, Silva Pinto e Fátima Saraiva;
Não fosse o diabo tecê-as, havia uma lista substituta, de que faziam parte Américo Borges, Augusto Leitão, Bento Machado, Emídio Viegas, Palma Dias, José Miguens, Manuel Lacerda, José Ferreira, Strecht Monteiro, Rui Lobo, Rui Pato, Custódio Arroja, Redondo Lopes e Virgílio Pimenta.

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- O bem documentado programa da lista do CR incluía 9 cadernos, sob o título "Para uma Universidade Nova". Tal como ao caderno, guardo o programa religiosamente.
- Sobre a crise académica de 69, Celso Cruzeiro publicou "Coimbra, 1969", Edições Afrontamento, 1989, que também guardo religiosamente. Sou muito crente.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
As duas faces da moeda
Percebe-se que o preço dos combustíveis junto do consumidor inclua uma percentagem fixa de imposto que o Estado cobra e que isso se reflicta de forma crescente no preço final.
Percebe-se que as variações do preço do petróleo (crude) não sejam exactamente iguais às variações do preço da gasolina; e percebe-se, porque enquanto a gasolina é cotada em euros, o petróleo é cotado em dólares e este subiu de valor face ao euro.
Percebe-se que o mercado português reaja a passo de caracol quando se trata de baixar os preços: se calhar, quando o petróleo está em queda nos mercados internacionais chega a Sines (quando chega!) nos porões de navios à vela…
Até se percebe que os defensores do neo-liberalismo económico achem muito normal que o preço da gasolina aumente numa altura em que a respectiva matéria-prima baixou mais de 30% desde Junho.
Entretanto e durante os mesmos últimos 3 meses, o custo do gasóleo baixou 23% e a gasolina 13%, o que equivale a dizer que, antes dos impostos, as descidas foram de 16 e 8%, respectivamente; a diferença aceita-se e está explicada pelas variações acima enunciadas.
Até aqui, tudo bem.
Só que, junto do consumidor final o gasóleo apenas desceu 8% e a gasolina uns ridículos 4%. Onde pára a diferença?
Fica também por perceber a razão desta lógica do mercado não se ter aplicado quando gramámos com subidas diárias do preço dos combustíveis. Serão mais velozes os navios quando transportam petróleo mais caro, assim provocando uma reacção mais rápida dos mercadores?
Entre a crença nas forças “naturais” da economia e o pavor ao excesso de intervencionismo do Estado, falta encontrar um meio termo que se ajuste melhor ao mundo global em que vivemos.
Sob pena de continuarmos a ser comidos por lorpas.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2008
rebeldia ou dignidade?

terça-feira, 16 de setembro de 2008
morrer de morte matada

Em 1987 foi um pacato Vítor Jorge que decidiu sair de casa com um grupo de 5 amigos e amigas com o inocente propósito de festejar um aniversário numa praia da zona de Pombal (Osso da Baleia). Acabou por matá-los a todos no areal; regressado a casa após o massacre, terminou o festim assassinando a mulher e a filha.
Os primeiros tempos de Faustino Cavaco no estabelecimento prisional de Coimbra foram difíceis, mas a sua pacatez acabou por amansar os ressabiados guardas prisionais; a tal ponto que um cliente e amigo da zona de Anadia ia de quando em vez a Coimbra levar uns leitões assados para um grupo restrito de detidos, entre os quais se contava o José Faustino, hoje um pacato empresário de hotelaria no seu Algarve.
Nesses primeiros tempos de dura solitária, Faustino Cavaco escreveu as suas memórias, editadas em 1989 pela Heptágono. Mal saiu para os escaparates comprei “Vida e mortes de Faustino Cavaco”. Li as 516 págs. dum fôlego, creio que numa noite inteira. O impressionante relato está cheio de acção e a narrativa é fluente e envolvente. Logo no final da 1ª pág. da introdução, Faustino escreve estas espantosas palavras:
“Nasci no ano de 1960, mas não sei como os meus pais conseguiram fazer as coisas que não me lembro de ter nascido. Como eu tenho uma memória fantástica, teve de ser de noite e com a luz apagada, porque, senão, eu lembra-me-ia."
domingo, 14 de setembro de 2008
Os portugueses são uns queixinhas


sábado, 13 de setembro de 2008
Canção
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Andam druidas na costa
S. Paio de Labruge é um daqueles sítios onde a natureza parece ser dona do espaço e do tempo.
Há ruínas dum povoado piscatório pré-romano (por sinal bem protegidas e assinaladas), penedos (chamados “amoladoiros” porque os pescadores amolavam os seus utensílios nos rochedos), gravuras nas rochas e – tinha de ser - uma ermida sobranceira ao mar, dedicada ao jovem mártir S. Pelayo ou S. Paio e certamente ali erigida para cristianizar um local onde não faltam vestígios de cultos pagãos.
E depois sabe bem passar por tantos terrenos inundados de milho que por pouco não beijam o mar. Parece que mais a norte o povo das aldeias resiste ainda e sempre ao invasor.
S. Paio é como um navio de pedra, capaz de resistir àquilo que muitos insistem em chamar progresso.
Estou em regressar lá um dia destes, numa manhã de nevoeiro e mar agreste. Quero encontrar druidas de foice de oiro na mão a cortar o visco que há-de servir de poção mágica.
E duendes,
Fadas
E feiticeiras que curam males.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Fintabolistas

domingo, 7 de setembro de 2008
Há gostos que não se discutem
Aparências...

sábado, 6 de setembro de 2008
"Bando dos quatro" apanhado ao jantar

Segundo fontes geralmente bem informadas, terá sido a pronta acção do corajoso Lucky Luke que permitiu que o bando acabasse atrás das grades.
Mal soube da notícia, o 1º ministro interrompeu o seu jogging matinal e reuniu o governo de emergência com o propósito único de propor uma homenagem ao nosso herói.
É sabido que ambos têm dois pontos em comum: ainda que por razões diferentes, deixaram de fumar e adoram prender os Dalton.

PS 2 - fora de brincadeiras: no seguimento da campanha antitabágica que percorreu a Europa há uns anos, o Lucky Luke passou a andar de palhita nos beiços em vez do tradicional cigarro feito à mão.
PS 3 - fora de brincadeiras: o 1º ministro foi apanhado a fumar no avião que o levava de visita ao Chavez e prometeu deixar de fumar.
PS 4 – fora de confusões: como qualquer letrado saberá, PS é a abreviatura de post scriptum, i.é., o que se escreve depois.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Tempo de ir aos figos
Dito assim nem apetece ir aos figos, mas cá por mim vou-me a eles na mesma, deixando as explicações para o Milton Costa, que é cientista e quando se atira à figueira da casa dele fica indeciso entre comê-los e divagar sobre as razões de ciência do tal de sícone ou sicónio.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Blogue do Rui Luzio: hecho en Venezuela

terça-feira, 2 de setembro de 2008
Tardes do Piri-Piri
Fosse nas férias escolares, fosse aos fins de semana, a esplanada do café Piri-Piri dessa aldeia pujante e contestatária que foi Bustos era o ponto de encontro dum número apreciável de jovens e libidinosos bustuenses. Ali vivemos as famosas tardes do Piri-Piri, entre finos, pratinhos de tremoços e alguns pires de pequenos búzios da ria que a Ti Cremilde ia pachorrentamente servindo à medida que contávamos as escassas moedas de escudo.

Regressados do que já apelidei de "Agosto bustuense da Costa Nova" e a partir da sede instalada na esplanada do Piri-Piri, ajudámos a organizar em Setembro de 1970 um Encontro de Estudantes da Bairrada, cuja iniciativa partira do pároco local. O Padre Vidal era um indefectível da ditadura salazarista e tinha fé de que acabaríamos por lhe cair no regaço; só que a malta tinha outras ideias e, mal ele sonhava, aproveitámos mas foi para ir sacudindo as consciências que o regime reprimia ferozmente.
Estranhamente, o pároco tinha uma empatia muito especial por mim: eu era rebelde mas franco e isso atraía-o. Uns bons anos antes, aí pelos meus 10/12 anos, era uso na missa de domingo o sacristão mandar perfilar meia dúzia de miúdos traquinas no 1º degrau logo a seguir ao altar. Calhava-nos sempre a triste sina...até que um dia engendrámos a mais rebelde das conspirações:
Aproveitando um dos solenes momentos em que o pároco ajoelhou de costas para os fiéis, um de nós atou-lhe os dois atacadores dos sapatos; ao querer levantar-se após a sentida oração, o Padre Vidal estatelou-se no chão ante o altar. A risota foi geral, mas o par de tabefes com que o bondoso sacristão brindou cada um dos atrevidotes caiu que nem raio castigador.
A missa continuou a pedido do Senhor, que lembrou aos crentes o miúdo traquinas que um dia também Ele fora.
Quem sabe se o irrreverente episódio não fez de nós melhores filhos desse deus que está no coração dos homens e das mulheres de bem.
Bem haja a mulher de bem que foi a Ti Cremilda!
domingo, 31 de agosto de 2008
Às armas!


sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Regresso às corridas

Claro que a credencial dele nos deu acesso total à pista e às boxes; e, evidentemente, aos pópós...
Daí a foto com ares de figurão junto dum dos melhores bólides da época: o Ford GT40.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Ordenações do Reino

Antes de adoptarmos o sistema de codificação napoleónico [de que é exemplo o Código Civil de 1867, conhecido por Código de Seabra por ter sido seu autor o Visconde de Seabra, com palacete ali em Mogofores], as leis e determinações régias estavam dispersas por textos avulsos.
Um dia, duma assentada, adquiri não só os 3 volumes das Ordenações Filipinas, mas também a Collecçaõ Cronologica dos Assentos das Casas da Supplicaçaõ e do Cível (impressa em 1791) e a obra mais rara, as D. JUSTINIANI IMPERATORIS P.P. AUGUSTI / INSTITUTIONUM JURIS CIVILIS / EXPOSITIO METHODICA/, impressas em Parisis (Paris) em 1757 e conhecidas por Instituições Justinianas. Nos meus tempos de faculdade tive de aprender esta gaita toda e citar de cor excertos da história do direito português e do próprio direito romano.
Linguagem HTML
terça-feira, 26 de agosto de 2008
A balança da justiça

- Agora já reconheço a figura - retorquiu K. - cá está a venda a tapar os olhos e aqui a balança. Mas ela não tem asas nos pés? Não está a correr?
- Está - respondeu o pintor. - Tive que a pintar assim por encomenda; na verdade trata-se da representação da Justiça e da Vitória numa só figura.
- Acho que não ligam bem uma com a outra - comentou K., sorrindo - a Justiça tem de estar quieta, de contrário faz oscilar a balança, o que torna impossível qualquer sentença justa."
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Retrato com sombras

Foto da família materna.
Resta a menina da direita, para nos lembrar o chão que pisamos. Foi essa menina que o meu pai levou à igreja. (*)
E faz hoje 86 anos.
O retrato é do tempo de fotógrafos que marcaram Aveiro e foi tirada na Foto Moderna (Electrica) de João Ramos / Rua Coimbra / em frente à estátua de José Estêvão / Aveiro / JUN 1943.
(*) Do poema Mãezinha, de António Gedeão / Linhas de Força / Edição do autor de 1967, impressa na Tipografia da Atlântida Editora, de Coimbra.
domingo, 24 de agosto de 2008
500.000 Magalhães e um pedido de desculpas ao meu padrinho

Provando que continua cheio de razão e que só muito raramente se engana, o meu padrinho apresentou ao país e ao mundo o pequeno portátil que vai ser distribuído a 500.000 crianças do 1º ciclo escolar. Em homenagem ao circum-navegador, baptizou o brinquedo de Magalhães. Na minha modesta opinião o Magalhães está para Portugal como o Lego está para a Suécia.
O pequeno Magalhães é o pónei de batalha dos programas e-escola e e-escolinha do governo do meu padrinho, o que vai dar no seguinte: os putos do escalão A não pagam nada pela sua distribuição e os do escalão B pagarão 20€. Apenas os pais e encarregados que não beneficiam de acção escolar é que terão de desembolsar 50€. Uma verdadeira pechincha. O pequeno Magalhães é um folar ao nível do melhor dos padrinhos!
Resistente ao choque, à água e aos líquidos em geral (por razões de mero pudor, o meu padrinho omitiu que também resistia ao xixi), o pequeno portátil apresenta-se em suaves tons azul-marinho e branco. Munido dum processador da poderosa Intel e com cerca de 6 horas de bateria, tem acesso à internet e vem com software de última geração.
Palavras do meu padrinho, que adiantou que o Magalhães está a ser “construído” em Portugal e que a sua ligação à internet terá uma largura de banda de 48 “megabytes” por segundo.

Entrevistado pela Exame Informática, o vice-presidente executivo da Intel não poupou elogios ao governo do meu padrinho: “O que Portugal está a fazer é, sem dúvida, um bom exemplo para outros países.” (*)
Padrinho:
- Já ninguém constrói computadores; é mais barato assemblá-los, isto é, sacar os componentes aqui e ali, de preferência onde a mão-de-obra for ao preço da chuva; reunidos os componentes, monta-se a máquina. Et voilá: simples e barato. Sabe, é tal qual a canibalização que a malta fazia na guerra colonial com as peças das viaturas Unimog: de 3 chaços velhos fazíamos 1 em condições de andar.
- Já agora: a velocidade de acesso do Magalhães é de 48 megabites por segundo (Mb/s) e não de 48 megabytes (MB/s). Olhe que 1Mb/s corresponde apenas a 0,125MB/s; assim sendo, são precisos 8 megabites para chegar a 1 megabyte.
- Diz-me ele: Gaita, afilhado, isso é que me saíste um informático de 1ª água!
- E ó mais não sou engenheiro! – Respondi-lhe eu, ao mesmo tempo que lhe virava as costas e me afastava em passo de corrida.
Não fosse ele atirar-me com o Magalhães que trazia debaixo do braço...
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