domingo, 11 de maio de 2014

A minha saída limpa esteve por um triz

Parece que foi ontem que a Troika entrou aqui.
Decorridos 3 anos, a malvada foi-se embora e por isso aqui estou de novo, ainda que esmifradinho até ao tutano.
Digo isto só cá para nós que ninguém nos houve, porque, para dar nas vistas, anunciei ao mundo uma saída limpa, à Jorge Jesus na época passada.
Claro que continuo a depender do pãozinho deles para a boca, mas o que é que se espera de quem não tem poços de petróleo no quintal?
Por falar nele: 
(Lândana- norte de Cabinda)

Durante as generosas férias pelas matas de Cabinda (28/12/1973 a 14/2/1974) a malta da minha unidade de intervenção fartou-se de ver petróleo a sair das plataformas offshore. Azar dos azares, aquilo era do amigo americano. 
A nós, militarzitos de capitão para baixo, sobravam os olhos para o deslumbre noturno saído das labaredas libertadas pelos muitos tubos virados ao céu, logo ali a 1/2 milha da costa.
Dizia-se que a fartura era tanta que a Gulf Oil se dava ao luxo de libertar o precioso gás para a camada do ozono.
Na parte da responsabilidade que me cabe pela vinda da Troika, quero-me penitenciar por não ter patrocinado um golpe militar em Cabinda, até porque aquilo não era - nem continua a ser - Angola, quer pela alma das gentes, quer pelo código genético dum povo que até era amigo do Reino.
- No plano militar, teria sido canja para os meus bravos; 
- Economicamente, nos dias de hoje Portugal regurgitaria petrodólares, o que significa que a canzoada da Troika nunca teria cá posto os pés e que Miguéis de Vasconcelos só o de 1640 e mais nenhum; 
- Social e politicamente, seríamos um país sem taxas, mas com muitos tachos; inundado de banqueiros ricos e doutros "ricos"; de mil e uma PPP's e agências para isto e aquilo; de burocracia kafkiana para justificar o pleno emprego; 95% da população viveria de tachos e prebendas e os restantes 5% seriam emigrantes, importados para construir estádios, pistas de fórmula 1, centros comerciais gigantescos, rotundas e milhares, muitos milhares de quilómetros de autoestradas, a última das quais passaria aqui à minha porta, noblesse oblige.
- Eticamente, não haveria culpados, até porque a palavra "CRISE" teria deixado de fazer parte do léxico no novo acordo ortográfico;
- Politicamente, é certo que seríamos mais uma república das bananas, mas daí nunca veio mal ao mundo, que a ética e a honra são conceitos que, esses sim, foram abolidos do tal novo acordo ortográfico.

Infelizmente, 
a realidade foi outra 
e é por isso que 
o Cap. Salgueiro Maia está ali 
à minha porta 
a clamar por mim: 
- Anda mas é daí, 
ó Alferes Santos!