quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Tempo de ir aos figos

Os botânicos dizem que o figo não é um fruto, mas sim um sícone, que não é mais do que um falso fruto que começa por uma inflorescência e acaba numa deliciosa infrutescência, sobretudo quando bem madurinha.
Dito assim nem apetece ir aos figos, mas cá por mim vou-me a eles na mesma, deixando as explicações para o Milton Costa, que é cientista e quando se atira à figueira da casa dele fica indeciso entre comê-los e divagar sobre as razões de ciência do tal de sícone ou sicónio.
Gosto muito de figos, sobretudo das figueiras dos quintais dos meus afáveis vizinhos.
Aos figos chamo-lhes um figo.
Estão logo ali depois do meu quintal. E a fronteira que separa os dois aidos não tem muro de Berlim, arame farpado, campo de minas, nem me esperam as malditas emboscadas de má memória.
E também está fora de questão a prática do crime de introdução em lugar vedado ao público, porque - como diria o Sr. De La Palisse - não há vedação de espécie alguma. Os nossos aidos gostam de interagir, derramando-se uns nos outros como mares iguaizinhos a que os homens deram nomes diferentes.
Não digam nada ao meu vizinho, mas, de 2 em 2 dias para dar tempo de amadurecerem, vou-me a eles como cão à cata de bom osso. E não lhe digam porque ele é uma jóia de rapaz, bom amigo de ontem e de hoje (e espero que de amanhã...), faz uns petiscos de morrer e produz vinho de boa qualidade.
Em abono da verdade, ou me vou a eles ou a passarada passa-me a perna. Tertio non datur, como se diz nos direitos; em bom português, significa que não existe uma 3ª alternativa visto que o tertio não vive cá.
É tempo dos figos. E antes que os pássaros os dizimem ou a chuva os estrague...
Vamo-nos a eles!