E mártir continua, nestes tempos de desamores.
Vale bem a pena invocar o Eugénio de Andrade (2) para combater a crise de afectos.
É urgente o amor
É urgente um barco no mar
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
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1) O imperador Cláudio sofria de gaguez e era um homem culto. Casou 4 vezes. O safado ganhou-me por 4-3.
2) Poema extraído de "Até Amanhã", 1951-56 /Eugénio de Andrade / Poesia e Prosa [1940-1980], Ed. Limiar.