O santo dos namorados só podia ter sido um mártir dos mais sofredores. Ao que consta, terá morrido em meados do séc. III a.C. às mãos de Cláudio (1) por realizar casamentos em segredo numa altura em que o imperiador os proibira como forma de angariar mais soldados.
E mártir continua, nestes tempos de desamores.
Vale bem a pena invocar o Eugénio de Andrade (2) para combater a crise de afectos.
É urgente o amor
É urgente um barco no mar
É urgente um barco no mar
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
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1) O imperador Cláudio sofria de gaguez e era um homem culto. Casou 4 vezes. O safado ganhou-me por 4-3.
2) Poema extraído de "Até Amanhã", 1951-56 /Eugénio de Andrade / Poesia e Prosa [1940-1980], Ed. Limiar.
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