quinta-feira, 27 de agosto de 2009

VIDA E MORTES DE FERNANDO H

Depois do acto solene do sorteio das listas concorrentes às Autárquicas de Oliveira do Bairro fui almoçar ao imenso Papatudo, ali na Alagoa de Águeda.
Ademais, o amigo Fernando precisava dos serviços do escritório. Aproveitei para me fazer acompanhar das 2 (duas) candidatas da lista de Bustos, a tal nascida para a pedrada no charco da politiquice...
Às tantas, o sofá do 1º andar virou divã de psicanalista. Mal a longa conversa começou, comentei que o Fernando não precisava de mim nem do colega Aleixo, mas do irmão deste, psicanalista de renome em Lisboa.
Perceberão porquê.
A história do Fernando trouxe-me à memória um texto que me saiu dos caboucos da alma e que aqui postei em 16/9/2008: morrer de morte matada. Dêm um salto AQUI, que o caso não é para menos.
Mas ouçamos o Fernando H:
" A minha vida começou aos 16 anos: um dia pedi ao meu pai dinheiro para cortar o cabelo. Quando cheguei a casa para lhe entregar o troco, encontrei o meu pai enforcado.
Comecei aqui a minha luta pela vida. Fui logo trabalhar num matadouro: esquartejava por dia 100 bois, 400 a 500 porcos e umas 300 ovelhas.
Cerca de um ano depois fui para a construção civil, como ajudante de carpinteiro, mas só uns meses. Entretanto, acabei o curso de desenho técnico na Escola Ratton, em Tomar.
A seguir veio a Suiça. Até que resolvi apanhar (em Sierre) um autocarro que vinha para Águeda. Porquê Águeda? - Porque sim, ele estava ali, como que à minha espera e, lembro-me tão bem, parou mesmo em frente à Escola Marques de Castilho. Trazia uma mala na mão e dinheiro para alugar uma casa.
Trabalhei numa fábrica de fibras (3 meses) e depois 5 anos na Metalcértima (Oliv.ª do Bairro).
Depois veio o Zip Zip e o casamento com a filha do dono (1); depois, o restaurante Artur, no Silveiro, a pensão Parreira em Aguada de Cima, o Artur 2/Espeto do Boi.
E agora o PapaTudo.
Mas não sou de me ficar por aqui."
*
A restauração passou a ser a caçadeira de canos serrados do Fernando H/Faustino C.
Ao contrário do anti-herói que me arrebatou uma noite inteira para toda a vida, o Fernando merece a nossa piedade e o nosso respeito.(2)
E muita amizade.
Para toda a vida.
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(1) Antes dum divórcio, há sempre um casamento ao virar da esquina. E disso percebemos nós, não é, Fernando?
(2) In, NOTA EXPLICATIVA de "VIDA E MORTES DE FAUSTINO CAVACO", da autoria de ROGÉRIO RODRIGUES.
- VIDA E MORTES DE FAUSTINO CAVACO: Organização de Rogério Rodrigues / Editora ER Heptágono, por subcedência de direitos de Euroclube, SA / Capa de Vitorino Martins / Composição: M. Esther - Gab. de Fotocomposição / Impressão e acabamento: Printer Portuguesa / Depósito legal n.º 27 480/89.
Com a devida vénia, que é muita e mais do que merecida.