segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Já foram artigos do lar

A experiência foi esgotante mas gratificante, apesar de ter a consciência de que o S. Lourenço de Bustos se dá mal com as brasas. Pudera! Lourenço de Huesca, que viria a ser um dos mais venerados santos da igreja católica, morreu na grelha durante a perseguição dos cristãos no ano de 259.

Aproveitei a comemoração do seu dia para acender o forno. Manhã cedo foi a vez da chanfana de carneiro; duas horas depois deu-se a entrada solene de S. Majestade, o Rei Leitão. O mestre de cerimónias foi o Romão da Póvoa.

Foi então que aproveitei para revisitar
a escudela,
a pá da broa,
a pá dos folares da Páscoa,
o rodo
e o mexedor, também dito
surriscador. (*)

Hoje são peças de museu atiradas para um canto das nossas casas de aldeia. Os tempos de agora são outros: a globalização e as padarias made in Venezuela acabaram com o pão caseiro.
Os fornos a lenha e os molhos de vides têm os dias contados. Por arrastamento, o leitão virá a seguir.
É pena, porque a comida tem outros sabores.
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(*) corruptela de “chorriscar”, que significa grelhar, torrar, abrasar?