terça-feira, 19 de agosto de 2008

Cultura da vinha: na Galiza é a sério. E nós por cá?

Os técnicos chamam-lhe vitivinicultura e foi uma das minhas especialidades até ao ano passado. Ainda me está no sangue e até o corpo me diz que quer continuar; só que a realidade é outra: a vinha do Portinho que o meu pai tanto valorizou nos últimos 30 anos já foi chão que deu uvas. Já acamado, dizia-me:

- Deixa-te disso. Arranca mas é o que ainda está de pé, que isto não tem futuro.

Tinha razão, pois tinha; mas o que deixou de valer para nós, continua a valer para os nossos irmãos galegos, que souberam casar a produção de vinhos com o turismo; para ser mais preciso: vivem de paredes meias.

A prova provada do que afirmo está nesta imagem tirada dum hotel de Sanxenxo há precisamente um ano.

E nós por cá? – Perguntarão.

Há um ano atrás, ainda influenciado pelo galego, escrevia mais ou menos isto no Noticias de Bustos:

...

“ Chão que deu uvas

Depois duma curta mas frutuosa viagem à região vinhateira galega, um conhecido vitivinicultor bairradino nas horas vagas retoma produção do famoso Bical e Maria Gomes!

Fruto dessa viagem e das influências movidas, o vinhedo da família, sito no Portiño - Mama Rosa, está em vias de ser recuperado com o apoio do FEDER (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), da Xunta de Bustos e do Axuntamento de Olivera do Barrio!

Este feliz desenlace só foi possível porque o Departamento de Turismo Rural e da Defesa do Património Agrícola e Cultural do Ejecutivo Municipal fez questão em cumprir - conferindo-lhe prioridade máxima - uma promessa eleitoral que vinha sendo mantida no mais absoluto sigilo.

Na realidade, o Departamento faz questão em pôr a região vinhateira da Bairrada Norte no mapa turístico e promocional do Pais, da Europa e arredores.

O novo ejecutivo contratou já uma poderosa e cativante campanha promocional, que ocupará tudo o que é outdoors nacionais e circunvizinhos, sob o lema “ALLBAIRRO”.

Segundo as próprias palavras da responsável pelo pelouro, “o nosso objectivo é articular de forma bem oportuna o sequioso mercado inglês com as nossas RAÍZES, neste caso as reportadas à presença árabe na região, presença essa que, infelizmente e para mal dos nossos pecados, foi desbaratada pelo conhecido etarra que dá pelo nome de Afonso Henriques, de alcunha “O Conquistador”.

A população concelhia promete festa da rija na inauguração da FIACOBA, que este ano irá decorrer nas moderníssimas instalações do Pavilhão das Feiras e Congressos, na Zona Industrial de Vila Verde, desde logo pela mais-valia que representa uma promoção forte e aguerrida do melhor fruto da nossa terra - os vinhos brancos, sobretudo os da matriz Bical e Maria Gomes.

Poderemos já adiantar que, com a promoção de tão auspicioso evento, a rentabilização dos custos de investimento do gigantesco pavilhão das feiras (e também dos muitos congressos que se adivinham) fica garantida a curto prazo, pois passarão a realizar-se anualmente e com efeitos a partir do próximo ano, as I Xornadas Gastronómicas do Viño, do Lechon, do Rojon da Tripa e do Pao, as quais irão ter lugar na Zona Industrial de Villa Verde, de 27 do Xullo ó 31 de Agosto de 2008.

Vai ser uma festa!

É o muito que vos conta o oscardebustos

...

À pergunta lá de cima, respondo eu:

- Nós por cá vamos bem, muito obrigado.

A prova provada do que afirmo está neste cartaz que vos deixo…



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