sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Um zero à esquerda

O nosso 1º anunciou ontem a iniciativa "licenciamento zero", incluída no Programa Simplex 2010.
Sou testemunha de algumas louváveis medidas simplex: sem sair do escritório, sentado à mesa do pc onde tenho instalado o certificado digital que a profissão requer e enquanto o diabo esfrega um olho, promovo a criação de mais uma "empresa na hora". Para ajudar à festa, as certidões on line passaram a ser o pão nosso de cada dia, em geral à borla.
Diarreia legislativa à parte, não faltam bons exemplos de desburocratização administrativa.
No caso e embora a consulta da resolução do Conselho de Ministros não esclareça todas as dúvidas sobre o licenciamento zero, estou em crer que, finalmente, os portugueses vão poder atingir o estado supremo da libertação burocrática, o verdadeiro nirvana, ou, se preferirem, o céu dos cristãos.
Em verdade vos digo: tudo parece indicar que qualquer aspirante a dono dum estabelecimento de restauração, de bebidas, de comércio de bens, de prestação de serviços ou de armazenagem, passa a poder abrir o seu estaminé sem ter de se preocupar com os licenciamentos municipais mais básicos (licença de utilização, inspecções sanitárias e afins). As vistorias passam a ser uma minudência, coisa de pouca monta, pelo que bem podem ficar para mais tarde recordar.
É fácil imaginar o que nos espera: enquanto o pau vai e vem, folgam as costas dos xico-espertos.

Este governo faz-me lembrar o Lucky Luke...
...o cowboy que dispara mais rápido que a sua sombra.
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Imagem extraída da contra-capa dos álbuns de Lucky Luke, fase anterior à campanha antitabágica.

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