A viver nos nosso dias Leopold Franz Johann Ferdinand Maria Sacher-Masoch não teria, com toda a certeza, idealizado algo mais perverso para concretizar a sua pulsão favorita: obter prazer com a sua própria dor e sofrimento.
Sui generis expressão do mais puro masoquismo, a aceitação por parte do cidadão comum do reiterado incumprimento das promessas eleitorais por parte da "classe política" que governa este Planeta, é algo que prefigura, à escala da Humanidade, um comportamento a tocar as raias do patológico.
Que, vindas de todos os quadrantes do espectro político, democraticamente presentes à esquerda, à direita e ao centro, as promessas eleitorais ganham as eleições que de outra forma os seus autores se arriscariam a perder, é algo que não sofre a menor contestação.
Que, não sendo regra, é "normal" que a esmagadora maioria dessas promessas não sejam cumpridas no período pós eleitoral, e que quem as promete saiba de antemão que as não irá cumprir, faz já quase parte do senso comum, mas é no mínimo dos mínimos ignominioso.
Agora o que é mesmo, mesmo, ultrajante é que ou intuindo ou mesmo percepcionando tudo isto, o comum dos cidadãos ainda continue impávido e sereno a depositar na urna o penhor da sua esperança de dias melhores, eternamente prometidos e eternamente esquecidos, sem um único queixume que não seja o de em futura oportunidade mudar de moleiro...mas não de ladrão.
De promessa em promessa, de esperança em esperança, cíclica e passivamente assistimos a mais uma reinvenção deste provérbio, imbuídos de algo que fica algures entre a estupidez humana, que como todos sabemos é incomensurável, e a completa ausência de consciência política.
Mas por quanto tempo mais conseguirá o cidadão comum suportar as promessas que, está careca de saber, jamais se cumprirão?
Por quanto tempo mais conseguirá conviver pacificamente com o concubinato de casa, cama e pucarinho entre o poder e o capital, que a cada momento se reinventam para perpetuarem a quase apática submissão da horda de explorados da qual é parte integrante?
Por quanto tempo mais poderá complacentemente pactuar com a farsa imoral da distribuição de migalhas a quem realmente produz a refeição inteira, e sucessivamente fazer vista grossa a promessas de equidade financeira e social que se fazem para nunca ser cumpridas?
Por quanto tempo mais poderá o cidadão comum assistir à delapidação do planeta onde temporariamente habita, e onde por este andar não habitarão os filhos dos seus filhos?
Por quanto tempo mais poderemos nós, comuns cidadãos, fazer de conta que perdemos a capacidade de tomarmos em mãos o nosso próprio destino?
Será que não vem chegando a altura de começarmos a equacionar a possibilidade de não necessitarmos de moleiro e muito menos de ladrão?
jr
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O bloguedooscar abriu-se à colaboração deste misterioso "jr", um blogger com provas dadas, sempre a coberto do mais extremoso anonimato. Anonimato que jurei preservar (eu seja ceguinho!, tal foi a garantia que lhe dei).
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