segunda-feira, 30 de março de 2009

O aniversário e a arte tumular

O fim de semana foi vivido num frenesim. Vai sendo um hábito que me dá muito gozo e se o corpo é que paga não faltam créditos a recuperá-lo. O pior é que desta vez a alma levou um rombo que vai custar a tapar: há sítios no espaço e no tempo capazes daquilo que as balas e as minas não foram capazes. E assim se vai indo o guerreiro que alguém diz que sou.


arte tumular

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Neste calor que a internet irradia custa menos lembrar gente de quem se gostou muito e é só por isso que daqui vai um abraço para o amigo e colega de escritório, Dr. Alípio da Assunção Sol.
Mais uns dias e concretizaria o sonho de conquistar definitivamente o direito à toga. Mais uns dois anos e, finalmente, a concretização doutro sonho: subir as escadarias do novo Tribunal Multiportas de Oliveira do Bairro de toga debaixo do braço.
Nestes anos de presidente da assembleia-geral do clube de adopção, a manhã dum dos dias das festividades vem sendo dedicada a uma romagem aos cemitérios do município onde repousam atletas e dirigentes do clube.
Parece fácil, mas desta vez nem a cor me defendeu no cemitério de Vila Verde, ali onde nos esperava um velho pai que viu morrer o filho. A vida carrega mortes que se alapam às mãos mais do que à alma.
A propósito dos pais que perdemos e a poesia que nasce, aqui vos deixo esta
Carta Aberta

Um homem progride, blindado e hirsuto
como um porco-espinho.
É o poeta no seu reduto
abrindo caminho.
Abrindo caminho com passos serenos
e clava na mão,
que as noites são grandes e os dias pequenos
nesta criação.
Esmagando as boninas, os cravos e os lírios,
cortando as carótidas às aves canoras.
Chegaram as horas
de acender os lírios,
de velar as ninfas no estreito caixão,
de enterrar as frases e as vozes incautas,
de oferecer a Lua para os astronautas
e as rosas fragrantes à destilação.
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- Poema de António Gedeão [Linhas de Força\Carta aberta. Edição do Autor\1967].
- Sobre a ARTE TUMULAR em Portugal, ir ao excelente site de Ana Margarida Portela e Francisco Queiroz, neste link directo ao tema.

1 comentário :

oscar santos disse...

Para quem não sabe, as imagens são do bonito (em parte) cemitério de Bustos.
Para quem não sabe, pedi em tempos ajuda para um estudo sobre a sua arquitectura funerária (ou arte tumular).
Olá, Olga Santos!
O Porto é assim tão longe de Bustos?
E a Mamarrosa não é já ali?