terça-feira, 3 de novembro de 2015

Os pontos nos is

Defendo com unhas e dentes a formação dum governo do PS com o apoio parlamentar do BE e do PC. A grande maioria dos cidadãos e cidadãs está farta de perceber que têm sido sempre os mesmos a pagar a crise.
Salta à vista que a solução tradicional tem sido a de depauperar a classe média e baixa, cortando nos salários e pensões e na prestação de serviços públicos essenciais. Sem dinheiro nas mãos da maioria e a sua concentração nas dos especuladores e grandes bancos ou sindicatos bancários, tutelados pelas agências de rating, o crescimento da economia nunca passará da cepa torta.
Lá no fundo, toda a gente aspira por uma mudança radical, nem que seja pela novidade. Bem no nosso íntimo, todos reconhecemos que a 1ª vez é muito saborosa. Alguma vez tinha de acontecer.
Posto isto, 
Impõe-se dar nota de alguns constrangimentos que importa não escamotear:
1º - O António Costa tomou de assalto o PS. A sua eleição como líder do partido assentou na novidade de eleições primárias, às quais foram admitidos a votar não só os militantes, mas também essa massa informe dos putativos simpatizantes.
O desafiante A. Costa cilindrou António José Seguro pela simples razão de que os seus apoiantes e apaniguados correram seca e meca para arrebanhar o voto de muita gente espúria (incluindo do PSD e CDS), a quem foi sugerido o voto no pretendente ao trono. Sem precisar de sair do nosso concelho, posso afiançar que se contam por muitas dezenas os exemplos de votos assim arrebanhados. Se isto não tresandou a chapelada, vou ali e já venho...
2º - Para as expectativas que criou, A. Costa levou pouco menos que uma banhada nas eleições legislativas de 4/10.
Se o anterior líder – o muito íntegro Tozé Seguro – foi apeado por ter ganho as europeias de 2014 por “poucochinho” (o PS obteve 31,6% e o PSD/CDS 27,71%, ou seja + 3,89%), certo é que Costa não só não obteve a almejada maioria absoluta, com ainda perdeu perante a coligação do PSD/CDS (38,36% contra 32,31%, ou seja, menos 6,05%).
3º - Provavelmente, A. Costa não arriscaria um governo à esquerda se o pior Presidente da República que o país já conheceu não estivesse em final de mandato. 
A razão é simples: o art.º 72º, n.º 1, da Constituição (CR), impede o Presidente de dissolver a Assembleia da República no último semestre do seu mandato, o qual termina a 9/3/2016.
4º - Para brigada do reumático, já nos chega a que se perfilou aos pés da ditadura em fim se ciclo quando faltavam escassos 2 meses para a ditadura cair às mãos dos Capitães de Abril.
[Os brigadeiros, certamente a entoar o hino da Maria da Fonte, que vale a pena ouvir AQUI]

Constrangimentos à parte, é incontornável a legitimidade do PS para formar governo “tendo em conta os resultados eleitorais”, como reza o art.º 187º, n.º 1, da CR.
Legitimidade acrescida porque o país precisa de mais atenção e respeito pelos valores constitucionalmente consagrados da segurança social e da solidariedade, da saúde, da educação, da cultura e ciência e do ensino.
  Valores que, com raras exceções, foram tratados pela coligação de direita como quem faz contas de merceeiro, sem ofensa para os ditos.
 
[extraído, com a devida vénia, de http://campus-cartoons.blogspot.pt/]

Venha de lá mas é o governo de esquerda, na esperança de nos trazer mais equidade e moralidade do que a apregoada nos discursos pré e pós eleitorais.
  Ele alguma vez tinha de acontecer!

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