Defendo com unhas e dentes a
formação dum governo do PS com o apoio parlamentar do BE e do PC. A grande maioria
dos cidadãos e cidadãs está farta de perceber que têm sido sempre os mesmos a
pagar a crise.
Salta à vista que a solução
tradicional tem sido a de depauperar a classe média e baixa, cortando nos
salários e pensões e na prestação de serviços públicos essenciais. Sem dinheiro
nas mãos da maioria e a sua concentração nas dos especuladores e grandes
bancos ou sindicatos bancários, tutelados pelas agências de rating, o crescimento da economia nunca passará da cepa
torta.
Lá no fundo, toda a gente aspira
por uma mudança radical, nem que seja pela novidade. Bem no nosso íntimo, todos
reconhecemos que a 1ª vez é muito saborosa. Alguma vez tinha de acontecer.
Posto isto,
Impõe-se dar nota de alguns constrangimentos que importa não escamotear:
Impõe-se dar nota de alguns constrangimentos que importa não escamotear:
1º - O António Costa tomou de
assalto o PS. A sua eleição como líder do partido assentou na novidade de eleições primárias, às quais foram admitidos a votar não só os militantes, mas
também essa massa informe dos putativos simpatizantes.
O desafiante A. Costa cilindrou
António José Seguro pela simples razão de que os seus apoiantes e apaniguados correram
seca e meca para arrebanhar o voto de muita gente espúria (incluindo do PSD e
CDS), a quem foi sugerido o voto no pretendente ao trono. Sem precisar de sair
do nosso concelho, posso afiançar que se contam por muitas dezenas os exemplos de
votos assim arrebanhados. Se isto não tresandou a chapelada, vou ali e já
venho...
2º - Para as expectativas que criou,
A. Costa levou pouco menos que uma banhada nas eleições legislativas de 4/10.
Se o anterior líder – o muito
íntegro Tozé Seguro – foi apeado por ter ganho as europeias de 2014 por “poucochinho”
(o PS obteve 31,6% e o PSD/CDS 27,71%, ou seja + 3,89%), certo é que Costa não
só não obteve a almejada maioria
absoluta, com ainda perdeu perante a coligação do PSD/CDS (38,36% contra 32,31%,
ou seja, menos 6,05%).
3º - Provavelmente, A. Costa não
arriscaria um governo à esquerda se o pior Presidente da República que o país
já conheceu não estivesse em final de mandato.
A razão é simples: o art.º 72º, n.º 1, da Constituição (CR), impede o Presidente de dissolver a Assembleia da República no último semestre do seu mandato, o qual termina a 9/3/2016.
A razão é simples: o art.º 72º, n.º 1, da Constituição (CR), impede o Presidente de dissolver a Assembleia da República no último semestre do seu mandato, o qual termina a 9/3/2016.
4º - Para brigada do reumático, já
nos chega a que se perfilou aos pés da ditadura em fim se ciclo quando faltavam escassos 2 meses para a ditadura cair às mãos dos Capitães de Abril.
[Os brigadeiros, certamente a entoar o hino da Maria da Fonte, que vale a pena ouvir AQUI]
Constrangimentos à parte, é incontornável
a legitimidade do PS para formar governo “tendo
em conta os resultados eleitorais”, como reza o art.º 187º, n.º 1, da CR.
Legitimidade acrescida porque o
país precisa de mais atenção e respeito pelos valores constitucionalmente
consagrados da segurança social e da solidariedade, da saúde, da educação, da cultura
e ciência e do ensino.
Valores que, com raras exceções, foram tratados pela coligação de direita como quem faz contas de merceeiro, sem ofensa para os ditos.
Valores que, com raras exceções, foram tratados pela coligação de direita como quem faz contas de merceeiro, sem ofensa para os ditos.
[extraído, com a devida vénia, de http://campus-cartoons.blogspot.pt/]
Venha de lá mas é o governo de
esquerda, na esperança de nos trazer mais equidade e moralidade do que a apregoada nos discursos pré e pós eleitorais.
Ele alguma vez tinha de acontecer!
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