sábado, 28 de fevereiro de 2009

o congresso mágico

Parece que hoje é o segundo dia do congresso do PS e eu sem saber nada.
A não ser o que escrevi aqui.
Já houve algum passe de mágica?
E Coelhos da cartola?
Ainda não saiu nenhum?
Estou mortinho por saber.
_
- Desta vez e sempre com a devida vénia, a imagem foi extraída do n.º 2 da VISÃO, saudosa revista portuguesa de BD.
- Saber mais do
Mandrake
.

fintabolistas - III

Adorei o jogo da noite passada: afinal e apesar de sermos só dois, a equipa provou que sabe jogar como nenhuma outra.

Entretanto, a equipa que quer ser califa no lugar do califa propôs a criação duma comissão de análise do processo de construção da nova alameda da cidade, proposta que foi aprovada graças à ajuda dos dois.

Tal proposta continha um ponto que gerou acesas dúvidas: a câmara deverá disponibilizar à comissão os meios de que esta careça para levar a bom porto a sua ingente missão.

- Que meios, logo inquiriu uma desconfiada voz da equipa situacionista?

Da 1ª fila onde estava postado, respondi de pronto:

- Um automóvel! eu quero um automóvel!

Como compreenderão, era o mínimo que me cumpria exigir; era o que faltava ter de percorrer a pé (ou mesmo de burrico) os quase 3km da futura gloriosa alameda!

Mostrando que queria ir "citius, altius, fortius", subi à bancada e li aos crentes os balões da imagem incluída no post do passado dia 7 sob o título "a mulher de césar".

Desçam e compreenderão as razões de ciência que sustentam a alusão...

Noutro registo temporal, cito o anarca Oskar Bakunine:

A SALVAÇÃO PÚBLICA NÃO DEPENDE JÁ DO ESTADO MAS DA REVOLUÇÃO!

Disse.

__

Imagens extraídas de "A Febre de Urbicanda"/autores: François Schuiten e Benoit Peeters/Edições 70

- Cfr. ainda "Les Cités Obscures"

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

fintabolistas - II

Hoje volto a dar uma perninha na Assembleia Municipal de Oliveira do Bairro como suplente duma equipa com 2 jogadores num campeonato de 27.
O povo assim tem querido, o povo é sereno e ficam a saber que o povo tem carradas de razão: para quê pôr 2 simpáticos jogadores a estragar as chuteiras e as camisolas num jogo que à partida está condenado à derrota?
De resto, diz também o povo: quem está no poder é que sabe, é que tem os livros (incluindo os da contabilidade) e se ganharam é porque têm os melhores jogadores e treinadores e os da oposição só sabem é empatar e dizer mal, deviam mas era ser proibidos de abrir a boca (1).
Confesso que esta entrada em campo por umas horitas me acontece na pior altura da minha carreira de jogador amador, porque:
a) já tinha decidido arrumar as chuteiras (2);
b) a profissão não me dá descanso e, como dizia um gajo da minha República de Coimbra, não "drumo";
c) me comprometi com outra equipa às escondidas do meu padrinho (3)
d) o stress provocado pelo excesso de trabalho e por aquela coisa que os psicanalistas resolveram inventar e a que deram o enfático nome de "stress pós-traumático de guerra", me pode dar para mandar os políticos para um sítio que agora não digo.
E não se pode defenestrá-los?
_
(1) podem não acreditar, mas há uns tempos atrás o líder da bancada que está no poder sugeriu algo parecido, mas foi sem querer, ele não queria dizer nada daquilo, até pediu desculpa e é tão bom rapaz, como provou aqui;
(2) a propósito: vou substituir o colega Pai Tomás, apelido que carinhosamente lhe atribuí por ser pai do João Tomás, aquele rapaz que sabe meter golos como poucos mas nunca foi bem aproveitado pelos treinadores.
(3) organizei e faço parte da lista da Comissão de Festas do S. Lourenço de Bustos - 2009, função incompatível com o exercício de quaisquer outros cargos desportivos, políticos ou religiosos.
- P.S. (salvo seja!): a imagem volta a ser da contra-capa do n.º 5 da Visão [museu dos clássicos] e retrata o Príncipe Valente em fim de carreira...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cesário Verde: a poesia do quotidiano

Não fosse esquecer-me, o borda d'água para 2009 lembra-me no útil reportório de hoje o nascimento do poeta Cesário Verde.
Agradeço, porque
A mim o que me preocupa é o que me rodeia...
escrevia o poeta que amava o campo e desprezava o artificialismo da cidade.
...
E o campo, desde então, segundo o que me lembro,
É todo o meu amor de todos estes anos!
Nós vamos para lá; somos provincianos,
Desde o calor de Maio aos frios de Novembro!
...
No dia em que morreu minado pela tuberculose, o último dos irmãos dirige-se a ele pela última vez:
- Queres alguma coisa?
- Não quero nada. Deixa-me dormir.
__
Até o borda d'água se engana: Cesário nasceu a 23/2/1855; faleceu com apenas 31 anos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

museu dos clássicos - I

Depois dum dia de
fui
...enquanto a malta foi

O superhomem já era!
__
A imagem do superhomem em fim de carreira foi extraída da contracapa do 1º número da Visão, lembrada aqui

domingo, 22 de fevereiro de 2009

salvem o manguito!

A crise não perdoa: até a Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro ameaça fechar.
A fábrica detém os moldes originais de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e mantém um museu dedicado a uma arte cerâmica conhecida e procurada em todo o mundo.
Os jornais alvitram nomes de empresas e cidadãos interessados na aquisição das famosas faianças das Caldas; só que nesta área sou a modos que céptico.
Se a famosa fábrica fechar, acabam-se os manguitos para o Sócrates, a Manuela Ferreira Leite, o Jerónimo de Sousa, o Paulo Portas das feiras cá da terra e até o Francisco Louçã! (1)
Ou seja e bem vistas as coisas: os do poder e os do contrapoder que quer ser poder no lugar do poder (2) estão mortinhos por ver escaqueirada a loiça das Caldas.
Unamo-nos, pois, em defesa da Fábrica de Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro!
Pode parecer que não, mas o PCP já propôs um abaixo-assinado.
__
(1)Também tu, meu filho Brutus!” – frase atribuída a Júlio César no momento em que foi apunhalado de morte por um parceiro da coligação que queria o poder.
(2) Ver por todos “As conspirações do Grão-Vizir Iznogoud”, de Goscinny e Uderzo, Edição Meribérica. O grão-vizir é um obcecado pelo poder, sendo célebre a sua frase: EU QUERO SER CALIFA NO LUGAR DO CALIFA!!
- Foto tirada na visita a uma exposição ao Museu do Vinho e da Vinha, em Anadia e cujo post pode ser lido no Notícias de Bustos.
- Aconselho a leitura da bem documentada obra de José Augusto França "Rafael Bordalo Pinheiro", Ed. da Livraria Bertrand.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

magalhães faz circum-navegação

A sátira carnavalesca ao portátil do meu padrinho deixou de ser proibida pela Procuradora-Adjunta do Tribunal de Torres Vedras. Em despacho anterior que agora revogou, a sra. magistrada proibira a brincadeira estribando-se num diploma dos anos da brasa que proíbe a publicação e comercialização de objectos e meios de comunicação de conteúdo pornográfico (o ecrã da réplica do famoso computador estaria inundado de mulheres nuas).
Falta de maturidade e insegurança são explicações plausíveis para a tacanha decisão de proibir; já a revogação da proibição deve ter tido a mãozinha do superior hierárquico e por aí acima até ao topo da cadeia alimentar – a PGR.
Como é carnaval, ninguém leva a mal.
__
A lei em causa é de 76 e pode ser vista no excelente site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa,
aqui.

A Bia do Obama

De vez em quando, algo de muito português anima as pequenas gestas que costumam estar por detrás dos grandes acontecimentos americanos. Depois da portuguesa de Sosa/Vagos ter cosido a bandeira americana que Armstrong colocou na lua em 1969, temos agora um cão de água português em vias de se tornar o animal de estimação da família Obama. Li algures que o cãozinho ainda está por nascer, coisa de somenos, desde logo porque aos nascituros são reconhecidos direitos.
Só hoje dei conta que a Bia anda inquieta e algo stressada, a modos que a fazer-me concorrência. Descobri que ela soube da notícia do parente algarvio pela tv da cozinha, sítio onde passa os dias refastelada no seu cantinho preferido do sofá, um direito adquirido que já ninguém ousa questionar e muito menos as visitas.
E das duas uma: ou é o orgulho lusitano a dar-lhe, ou está mortinha para se pôr ao fresco e partir à cata das boas graças da família mais poderosa do mundo.
Pois que vá,
que é tempo de mudar de sofá!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

adeus até ao meu regresso

O meu filhote (da 3ª cama, a bem dizer) foi uma semana a Roma em viagem de estudo.
Despedimo-nos em jeito do vou ali e já venho, tão comezinho se tornou o viajar.
Nos meus tempos de rapaz novo a família ficava em pranto quando dizíamos adeus até ao meu regresso.
Custos de ter vivido numa geração (à)rasca.

_
Foto dos tempos em que o clube da terra era patrocinado pelo BPN/LABICER …

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Casamentos homossexuais - II

O Jornal da Bairrada é dos semanários regionais com maior tiragem a nível nacional e todos sabemos o impacto que tem junto da vasta comunidade emigrante, da Europa às Américas, passando pela longínqua Austrália.
A pergunta da semana da edição do JB de ontem versou sobre o tema reproduzido acima [clicar na imagem para aumentar] e sobre ele responderam ainda um autarca de Anadia e outro de Águeda.
Lá que o meu discurso tivesse sido redondo, ainda vá que não vá, nem que fosse pela idade; como dizem os mais velhos, vou em 61. Agora um jovem como o Nuno Barata ter calcorreado os 500 caracteres que nos consentiram sem dizer absolutamente nada, isso já é preocupante.
Onde pára a irreverência, o espírito de vanguarda e rebeldia que sempre foi timbre da malta nova? Como fomos diferentes nos idos de 60! É o que dá ser a voz do dono.
E então a temática é fracturante? E eu que pensava que não, que já tínhamos subido esse degrau! Estava longe de imaginar que serias um dos destinatários da tirada do “tapar o sol com a peneira”…
Já agora: se há atitudes que elogio no Sócrates, esta é uma delas. A meio do desgaste que a crise provoca, o homem arrisca-se como nenhum político da praça faria; e mais: o eleitorado ficou a saber que o casamento entre pessoas do mesmo sexo será consagrado na lei civil se o meu padrinho ganhar as próximas legislativas.

Oremos para que não seja mais uma promessa por cumprir; senão, a largura do vosso cartaz não vai chegar para o nariz do Pinóquio..

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

emboscada


A revista Visão foi uma lufada de ar fresco no período de grande explosão da BD portuguesa pós-25 de Abril.
Caiu-nos do céu entre Abril de 1975 e Maio de 76 (12 números); o que é bom dura pouco. Vitor Mesquita e Machado da Graça foram os autores de "matei-o a 24", história (*) dum ex-soldado traumatizado pela guerra colonial. Eduardo vai relatando a um colega de trabalho da oficina de automóveis um episódio vivido em Moçambique com um guerrilheiro depois de ter sido ferido numa emboscada...
Na vinheta seguinte à da estranha reacção de Eduardo em pleno Rossio (imagem), a namorada aconselha-o a ir a um médico.
Ir a um médico?! para quê?! que pode um médico fazer por mim?
Sabem lá eles dos diabinhos que nos martelam a cabeça, camarada Eduardo!!
Partir pedra, precisamos é de partir pedra: no quintal, na vinha, no local de trabalho, no raio que a parta!
E, em vez de virar costas, dá jeito ir dando aos diabitos algum espaço de manobra, deixá-los uma vez por outra ir mata adentro; pode ser que lhes calhe a eles pisar uma das minas que infestam os trilhos das nossas memórias.
__
(*) A história não teve continuidade; quando sai o n.º 6, Vitor Mesquita já não dirige nem publica na Visão.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O congresso do povo

Tal como a irredutível aldeia gaulesa de Asterix e Obelix, a lusitana Espinho resiste ainda e sempre à campanha negra do inimigo, como o comprova o facto do 16º congresso do partido do meu padrinho ter lugar por um destes dias na cidade mais a norte do nosso distrito.
Desconfio que a poção mágica foi preparada pelo Panoramix local, o sempiterno presidente da câmara. O Zé Mota é uma das pilhas duracel do PS, um verdadeiro resistente, adorado pela classe piscatória local e pela 3ª idade, que se farta de ir com ele de férias ao Brasil.
Conheci-o há muitos anos, durante o pouco tempo em que frequentei a catequese. Até fui a uma missa nacional em finais dos anos 80, no pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa; gostei muito porque só lá estive no 1º dia, findo o qual um amigo do peito me levou para outros e mais apetecíveis caminhos. Adeus congresso, adeus carreira política, que me falta o jeito para ser a voz do dono.
Como o José Mota cumpre o último mandado, fico à espera que a tradição seja mais uma vez cumprida e arranjem um confortável poiso para um homem que subiu a pulso as escadinhas do partido. Sempre assim foi com os partidos no poder: basta lembrar os bons exemplos dos governos PSD e os resultados à vista no caso BPN.
Como diziam os romanos, quousque tandem?
__
Quousque tandem (até quando?): começo do célebre discurso de Cícero no senado de Roma (anos 60 a.C.)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Florbela é uma flor

Nasceu a 8/12/1894 em Vila Viçosa e pôs fim à vida em Matosinhos em 1930.
Florbela Espanca foi a poetisa do amor e da amargura e a sua obra não é mais do que a expressão poética da sua vida. Guido Battelli, prof. da Fac. de Letras da Universidade de Coimbra e 1º editor das suas obras, não se cansou de divulgar a sua poesia em Portugal e Itália. Apesar da grande diferença de idades, apaixonou-se por ela; como não foi correspondido (e o amor é cego), deturpou ou suprimiu grande parte das cartas de Florbela que publicou.
- Livros publicados em vida da poetisa: Livro de Mágoas (1919) e Livro de Soror Saudade (1923);
- Publicações após a sua morte: Charneca em Flor, Reliquiae e Juvenilia (1931) e os contos Dominó Negro e Máscara do Destino.
Começou a escrever poesia aos 8 anos; aos 36 saiu-lhe da alma esta preciosidade:

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...pra me encontrar...

__
- Na foto, com 20 anos [extraída das Obras Completas de Florbela Espanca, vol. I, Publicações D. Quixote, 1985]
- Florbela casou 3 vezes, sempre por amor; como eu, mas desta vez ficámos empatados...(
ver post anterior)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dia de S. Valentim

O santo dos namorados só podia ter sido um mártir dos mais sofredores. Ao que consta, terá morrido em meados do séc. III a.C. às mãos de Cláudio (1) por realizar casamentos em segredo numa altura em que o imperiador os proibira como forma de angariar mais soldados.
E mártir continua, nestes tempos de desamores.
Vale bem a pena invocar o Eugénio de Andrade (2) para combater a crise de afectos.

É urgente o amor
É urgente um barco no mar

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
__
1) O imperador Cláudio sofria de gaguez e era um homem culto. Casou 4 vezes. O safado ganhou-me por 4-3.
2) Poema extraído de "Até Amanhã", 1951-56 /Eugénio de Andrade / Poesia e Prosa [1940-1980], Ed. Limiar.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Isto não se faz - II: a prova dos 9

Congresso do BE: Francisco Louçã no momento da aprovação da sua lista para a direcção do partido.
Note-se a indecisão: viro-me prá esquerda ou prá direita?
A imagem, extraída com a devida vénia da última página do Público de ontem, não deixa margem para dúvidas: o Bloco voltou à linha dura e ínsipida dos tempos áureos do maoismo.
Tambéu eu, Joana Amaral Dias, não vejo qualquer razão para ter sido excluída da lista da direcção...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Isto não se faz - I

O Bloco de Esquerda excluiu a Joana Amaral Dias da lista do Francisco Louçã.
Logo agora, que estava a pensar em mudar-me, de G3 e bagagem, para o BE.
Depois deste crime, a fazer lembrar as purgas estalinistas, esqueçam-se.
Tal como Estaline, só falta eliminarem-na das fotos oficiais.
Lá que fizessem isso à Manuel Ferreira Leite...
__
A Joana participa no Bicho Carpinteiro, que encontrarão ao lado, na minha lista de blogues.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

A mulher de César

Não basta que a mulher de César seja honrada, é preciso que sequer seja suspeita, terá dito Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.) perante o Senado romano, face aos rumores sobre o comportamento de sua augusta esposa.
O cônsul Cícero terá respondido algo como: À mulher de César não basta ser séria; também tem que parecê-lo.
É esta a resposta que Sócrates (o 1º ministro, não o filósofo grego) precisa de ouvir sobre o caso FREEPPORT.
Podemos acreditar que Sócrates nada aceitou de ilícito para si ou para terceiros. Mas é inaceitável que tenha intervindo numa decisão em que era parte interessada um familiar próximo.
Sendo honrado e querendo - como sempre fez questão de assumir - estar acima de qualquer suspeita, restava-lhe declarar-se impedido de intervir no processo de licenciamento que então tinha em mãos. O que não fez.
E já que estou em maré de citações, aqui vão mais duas:
Artigo 44º do Código de Procedimento Administrativo
Casos de impedimento
1- Nenhum titular de órgão ou agente da Administração Pública pode intervir em procedimento administrativo ou em acto ou contrato de direito público ou privado da Administração Pública nos seguintes casos:
a) Quando nele tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de negócios de outra pessoa;
b) Quando, por si ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2º grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum;
...

- Destinado a consumo local, segue o texto do art.º 4º, n.º 2, alínea d), do Estatuto dos Eleitos Locais, reportando-se aos princípios a que os autarcas estão vinculados no exercício das suas funções:
Não intervir em processo administrativo, acto ou contrato de direito público ou privado, nem participar na apresentação, discussão ou votação de assuntos em que tenha interesse ou intervenção em idênticas qualidades o seu cônjuge, parente ou afim em linha recta ou até ao segundo grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum;...

- Imagem extraída de OBELIX E COMPANHIA, de Goscinny e Uderzo, Livraria Bertrand, Ed. de Outubro de 1976