quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Asterix faz hoje 50 anos

No dia 29 de Outubro de 1959, a revista francesa Pilote publicava a 1ª prancha de Asterix, o irredutível gaulês cuja aldeia, decorridos 50 anos, continua a resistir aos invasores romanos.
A famosa banda desenhada já terá vendido 325 milhões de exemplares em 107 idiomas.
Claro que tenho a colecção completa (ou quase), desde o 1º álbum, "Asterix O Gaulês", saído em 1961. 
A parceria entre os autores do nosso herói, René Goscinny (argumento) e Albert Uderzo (desenho), manteve-se até à morte do 1º em 1977. Desde então,  Uderzo passou a assumir a edição dos novos álbuns.


Como curiosidade, registe-se que a página portuguesa do Google recorda o evento, apresentando uma imagem dos principais heróis, Asterix e Obelix
Como se vê, os nossos heróis continuam a desancar nos romanos como se os anos não passassem por eles.
Deve ser efeito da poção mágica do Panoramix...

sábado, 10 de outubro de 2009

Recordares de paz e de guerra

A cidade de Lândana, ou Guilherme Capelo, em Cabinda / Angola (princípios de 1974)



Operação Quitexe, no rio Lukengue, norte de Angola (Nov. de 1973)

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

PROMESSAS LEVA-AS A URNA...

A viver nos nosso dias Leopold Franz Johann Ferdinand Maria Sacher-Masoch não teria, com toda a certeza, idealizado algo mais perverso para concretizar a sua pulsão favorita: obter prazer com a sua própria dor e sofrimento.

Sui generis expressão do mais puro masoquismo, a aceitação por parte do cidadão comum do reiterado incumprimento das promessas eleitorais por parte da "classe política" que governa este Planeta, é algo que prefigura, à escala da Humanidade, um comportamento a tocar as raias do patológico.
Que, vindas de todos os quadrantes do espectro político, democraticamente presentes à esquerda, à direita e ao centro, as promessas eleitorais ganham as eleições que de outra forma os seus autores se arriscariam a perder, é algo que não sofre a menor contestação.

Que, não sendo regra, é "normal" que a esmagadora maioria dessas promessas não sejam cumpridas no período pós eleitoral, e que quem as promete saiba de antemão que as não irá cumprir, faz já quase parte do senso comum, mas é no mínimo dos mínimos ignominioso.
Agora o que é mesmo, mesmo, ultrajante é que ou intuindo ou mesmo percepcionando tudo isto, o comum dos cidadãos ainda continue impávido e sereno a depositar na urna o penhor da sua esperança de dias melhores, eternamente prometidos e eternamente esquecidos, sem um único queixume que não seja o de em futura oportunidade mudar de moleiro...mas não de ladrão.
De promessa em promessa, de esperança em esperança, cíclica e passivamente assistimos a mais uma reinvenção deste provérbio, imbuídos de algo que fica algures entre a estupidez humana, que como todos sabemos é incomensurável, e a completa ausência de consciência política.
Mas por quanto tempo mais conseguirá o cidadão comum suportar as promessas que, está careca de saber, jamais se cumprirão?
Por quanto tempo mais conseguirá conviver pacificamente com o concubinato de casa, cama e pucarinho entre o poder e o capital, que a cada momento se reinventam para perpetuarem a quase apática submissão da horda de explorados da qual é parte integrante?

Por quanto tempo mais poderá complacentemente pactuar com a farsa imoral da distribuição de migalhas a quem realmente produz a refeição inteira, e sucessivamente fazer vista grossa a promessas de equidade financeira e social que se fazem para nunca ser cumpridas?
Por quanto tempo mais poderá o cidadão comum assistir à delapidação do planeta onde temporariamente habita, e onde por este andar não habitarão os filhos dos seus filhos?
Por quanto tempo mais poderemos nós, comuns cidadãos, fazer de conta que perdemos a capacidade de tomarmos em mãos o nosso próprio destino?


Será que não vem chegando a altura de começarmos a equacionar a possibilidade de não necessitarmos de moleiro e muito menos de ladrão?
jr
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O bloguedooscar abriu-se à colaboração deste misterioso "jr", um blogger com provas dadas, sempre a coberto do mais extremoso anonimato. Anonimato que jurei preservar (eu seja ceguinho!, tal foi a garantia que lhe dei).

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

TACHO DEU SARRABULHO

De 4 em 4 anos, as promessas de tachos repetem-se.
E de 4 em 4 anos, ficam promessas de tachos por cumprir.
Como os tachos são menos do que as promessas, de 4 em 4 anos há sarrabulho: os que foram enganados pelas promessas eleitorais denunciam a vigarice.
Aconteceu isso há pouco mais de 4 anos com o Dr. Fernando Vieira, então presidente da União Desportiva de Bustos, que em 2001 aceitou integrar a lista do CDS para a Assembleia Municipal apenas por lhe terem prometido um sintético para o campo de futebol da UDB.
O nosso presidente da UDB sacrificou a sua condição de militante do PS pela condição de bustuense e amante maior do clube de Bustos.
Como eu era dirigente concelhio do PS, o dótô teve o cuidado e a ombridade de, previamente, falar comigo. Apoiei-o, porque também eu, antes de ser militante dum partido político, sou militante de Bustos.
A promessa não só não foi cumprida, como o sintético foi para outro lado: o Oliveira do Bairro Sport Clube.
E não foi cumprida porquê, perguntarão?
Não foi cumprida, porque quando o CDS organizou em 2005 a lista para a Câmara convidou um prestigiado oliveirense e dirigente do OBSC para fazer parte dessa lista. O convidado aceitou, na condição da Câmara pagar imediatamente o sintético do clube sediado na capital do concelho.
A Câmara cumpriu com o dirigente oliveirense e deixou no fundo da gaveta a promessa que fizera 4 anos antes ao Dr. Fernando Vieira.
O caso deu um grande sarrabulho, com comunicados na rua e protesto do vigarizado na Assembleia Municipal (julgo que, em final de mandato, o Dr. Fernando renunciou mesmo ao cargo de membro da Assembleia). 
O sintético veio para Bustos, pois veio, mas foi pela mão do actual executivo.
Gosto muito de sarrabulho, sobretudo se for feito num tacho grande, ao lume.
Este que aqui apresento foi feito pelas mãos de ouro do Licínio da Mamarrosa e foi comido na adega do Jó, ali no Sobreiro.
A saboreá-lo havia lambões para todos os gostos e paladares: do PS, do PSD, do CDS, do Bloco de Esquerda, da CDU, do Benfica, do Sporting, do Porto, do Beira-Mar e até do Belenenses, por sinal um clube do coração de muitos bustuenses nascidos nos anos 20, 30 e 40.
Bustuenses que não esquecem.
É bom não esquecer. É bom lembrar.
Porque um Povo sem memória é um Povo sem história.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A TERRA

Pinta a terra no meu corpo.
Pinta a terra no meu corpo.
Pinta, pai, a terra no meu corpo.
Eu próprio vou transformar todo um povo,
vou tornar sagrado todo um povo.
Pinta, pai, a terra no meu corpo.
__
- Poema dos Índios Sioux, América do Norte. Tradução de Herberto Helder. Publicação: "Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro", Assírio & Alvim, 3ª edição /Abril de 2001, pág. 216
- Imagem extraída da capa de "Fort Whelling, de Hugo Pratt,Tomo 1, Edições ASA, 1ª edição, de Nov. de 2002.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Vocês conhecem-me

Não vou dizer que sou mais conhecido do que a Sé de Braga. Deixo isso para o candidato do CDS à Câmara Municipal, ele sim, pelo menos tão conhecido como a vetusta sé da cidade dos arcebispos. O que não admira, porque ambos existem e se mantém de pé há centos e centos de anos. (1)
E também não vos vou pedir que confiem, seja em mim, seja no candidato. Explico porquê:
Quanto ao candidato e entre outras razões de que agora me reservo não falar, porque se trata dum verdadeiro "animal político", velho rato sabido, cheio de truques na manga, especialista na arte de prometer que os políticos tão bem cultivam, que diz que fez o que não fez (ou só fez em parte), ou que agora vai fazer o que há muito deveria ter feito.
E se vos peço para também não confiarem em mim, lá tenho as minhas razões.
Entre outras de que agora me reservo não falar, sou meio anarca, um rebelde, cão que não conhece dono, porta bandeira de causas que defendo até à exaustão. 
Causas que às vezes ganho, às vezes perco. Mesmo quando ganho.
Confesso também que sou visceralmente anti-estalinista, menos num aspecto. Como Estaline, seria capaz de restaurar os ícones religiosos para incentivar o povo a resistir à invasão nazi (2).
Porque digo isto, perguntarão. Também explico porquê:
Vamos supor que a lista BUSTOS EM 1º, concorrente à eleição para a Assembleia de Freguesia de Bustos, ganha as eleições de 11 de Outubro...
Em tal caso, alguém me imagina a ter de tratar a vencedora por "Senhora Presidenta" prá qui, "Senhora Presidenta" prá li?
Que reacção esperariam dum homem que já casou 3 vezes e outras tantas se amigou?
Suportaria tal vexame?
Ou tentaria um 4 casamento?
E se a história voltasse a repetir-se? Tentaria um 5º?
Não! Jamais (ler jamais com sotaque afrancesado)!
A história não vai repetir-se! 
Nem a lista da minha 3ªcarametade vai ganhar as eleições...
...nem eu acredito em 5 casamentos, ainda que interpolados!
Cinco casamentos são cinco mandatos.
São mandatos a mais!
Deus me livre!
__
(1) A Sé de Braga terá começado a ser construída no séc. XI, entre 1070 e 1093.
(2) As tropas soviéticas chegaram a marchar contra os exércitos de Hitler com bandeiras de santos ortodoxos como porta-estandartes.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

De como em 1º começa a estar BUSTOS

Em perfeita sincronia e demonstrando apurado sentido do que é interactividade, este post é editado em simultâneo com idêntico post do blogue bustos-em-primeiro.
Deixem que vos conte:
Na passada noite e como de costume,  a task force do PS concelhio reuniu na “cabana do Pai Tomás”, sita ali à recatada Silveira de Oiã. Apesar da conhecida aversão às aulas de catequese, recalcamento de infância que me impediu de estar presente, fui informado por telemóvel dos pormenores da apresentação pública das listas de todos candidatos do PS, apresentação essa que irá ter lugar nesta 6ª feira, dia do fatídico 11 de Setembro, pelas 18H30, no hotel Paraíso, em Oliveira do Bairro.
Surpresa das surpresas: a madrinha e 1ª da lista das e dos Jovens de Bustos, que gira sob a denominação de BUSTOS EM 1º, vai representar as seis candidaturas às (6) freguesias do concelho.
A 3ªcarametade vê assim reconhecida a ousadia e coragem de enfrentar o mundo pardacento da política dos politiqueiros e da politiquice. Dos maus padrinhos e piores afilhados, usualmente afiladinhos (i.é., na fila, em lista de espera) para comer do bolo, de preferência à tripa fôrra, até ao rapar do fundo do pequeno tacho que coube em sortes ao concelho que temos sido.
Claro que apadrinhei e apadrinharei até à morte a jovem, ousada e entusiasmada equipa do BUSTOS EM 1º.
Claro que elas e eles vão dar cartas.
Claro que vão ensinar (aprendendo) como se deve fazer e viver a política.
Claro que vão despertar e alertar as adormecidas consciências.
Claro que elas e eles sabem muito bem o que querem e que novos rumos devem orientar Bustos e os bustuenses.
Claro que os politiqueiros do anteontem e do ontem vão tremer como varas verdes.
Claro que eles vão andar aos gambozinos.
Claro que vão panicar; quiçá, borrar-se de medo.
Claro que vão, disso não tenham dúvidas, corar de vergonha.
Vergonha pelo que deixaram escapar entre os dedos da sua (in)consciência e (de)formação social, política e ética.
Vergonha pelo mal que deixaram acontecer.
Pelo marasmo bafiento a que votaram Bustos, apesar das promessas que fazem todos os 4 anos, num ciclo vicioso e viciado.
Pela falta de lucidez, imaginação e sentido prático das coisas.
Assim será, mesmo que eles ganhem na contagem do número das cruzinhas, que o Povo é sereno e acredita até no inacreditável.
Eles não sabem, mas:
*
Tudo é fácil quando se está brincando com a flor entre os dedos,
quando se olham nos olhos as crianças,
quando se visita no leito o amor convalescente.
É bom ser flor, criança, ou ser doente.
Tudo são terras donde brotam esperanças,
pétalas, tranças,
a porta do hospital aberta à nossa frente.
Desde que nasci que todos me enganam,
em casa, na rua, na escola, no emprego, na igreja, no quartel,
com fogos de artifício e fatias de pão besuntadas com mel.
E o mais grave é que não me enganam com erros nem com falsidades
mas com profundas e autênticas verdades.

E é tudo tão simples quando se rola a flor entre os dedos!
Os estadistas não sabem,
mas nós, os das flores, para quem os caminhos do sonho não guardam segredos,
sabemos isso e todas as coisas mais que nos livros não cabem.
*
Deixo-vos com a citação do parónimo texto do padrinho, também acabadinho de sair no BUSTOS EM 1º e que podem linkar em baixo:
Finalmente…
BUSTOS COMEÇA A ESTAR EM 1º!
oscardebustos
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- Poema "Amargo estilo novo", de António Gedeão / Linhas de Força / Edição do autor, 1967, págs. 57 e 58.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Há mar e mar. Há ir e ficar

A descoberta do vídeo antecedente trouxe-me à lembrança um bom amigo e companheiro de Bustos: o Necas Caldeira, magarefe reformado. Mas também embarcadiço, para fugir à guerra a que acabou por não fugir.
Naquela madrugada, apeteceu-me bater-lhe à porta e perguntar-lhe: 
- Então, Necas e o teu mar? 
- E a guerra, Necas, a puta da guerra ali no Tôto, aonde nos encontrámos ia eu para para mais uma intervenção a pedido dos senhores da guerra de Luanda?
- E as campanhas no bacalhau, Necas? Conta-me, conta-me lá, que quero ouvi-las outra vez?

Acabei por encontrá-lo ontem, no sítio do costume, andava aqui o padrinho, mai'la madrinha e o afilhado, a colocar a 3ª tela do "Bustos em 1º". Foi na Barreira, à beira da casa do Altino.
Acabada a safra e umas atramoçadas minis de permeio na loja da Maria do Altino, viémos até casa lembrar tempos que marcaram a nossa juventude. 
E viajar pela net. Mar adentro. Até St. Jones, na Terra-Nova, Labrador.
Chegados lá, dispara-me o Necas:
"O Santa Maria Manuela era da pesca à linha. Saíam em Fevereiro/Março e regressavam antes dos temporais. Os primeiras linhas eram a alma da pesca à linha. Iam nos dóris para sotavento, zagaiando de vez em quando, a ver se ferravam peixe. Se viam que dava, largavam os tróleis de 10, 26, 28 linhas, na zona testada pela zagaia. Era um fartote!
 Carregados os dóris e deixadas as linhas assinaladas com bóias, vinham descarregar o bacalhau para bordo, que garfeavam para dentro da embarcação sem sair do dóris [tás a ver aqui, no filme? Cala-te mas é, e aprende!]
Arrastão Santa Princesa

Fui em 66 para o bacalhau, no Santa Princesa, um navio de guerra francês adaptado. Também andei no Santa Mafalda
Arrastão Santa Mafalda

Foram 4 viagens ao todo, entre 66 e 69.
Uma vez, o Ti Jacinto Merendeiro, da Gafanha do Carmo, morreu dum ataque quando íamos para St. Johns. Enterrámo-lo lá, mas o filho, emigrante no Canadá, trouxe-o para o chão da terra dele. Era gente de raízes!
Mas antes da malta ser enterrada em terra, muito antes de mim, fazia-se o "bota-abaixo": o corpo de quem morria a bordo dos veleiros era colocado em cima duma tábua e seguro por pesos para afundar. Deixado à água, o bota-abaixo só acabava quando se largava uma lamparina a boiar no local, a assinalar a morte.
[Tás parvo ou quê? Claro que a lamparina boiava à solta! Era uma cerimónia, a fazer de conta! Como o teu enterro e o meu, quando formos viver para a casa grande que fica em frente do Zé Valério!  Ou estás à espera de missa cantada e santa no enterro?
- Calei-me antes que ele me excomungasse...]

Não aguentei os 7 anos que a lei mandava para se livrar da guerra. Embarquei para Angola em 71, com o Batalhão 3855, 4ª Companhia, a 3437.
E a tua, que eras dessa merda da intervenção, sempre a saltar para onde elas escaldavam?
- Era a 3564, Necas - respondi-lhe eu - uma companhia independente, sob as  ordens directas do Comando-Chefe de Luanda.

Já agora, Necas: quando nos encontrámos no Tôto ia para uma intervenção na serra da Mucaba, a subir  de gatas, a pique, à espera das ameixas cairem. Fomos a seguir aos páras, que vieram de lá corridos. Aquilo era um santuário da Fenelá, uma espécie de cu de Judas.
Sabes, no percurso passei por uma pequena fazenda que se chamava Mamarrosa.
Lembrou-me a terra. 
A terra para onde tinha de voltar, Necas, nem que fosse cão!"

A nossa terra é o nosso chão. 
É aqui que estão as nossas raízes.
Todos os dias as rego com água.
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A net está cheia de blogues e sítios que nos transportam para o mundo perdido das frotas bacalhoeiras.
Bem hajam pela ajudinha!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

SANTA MARIA MANUELA!

Desde miúdo que o mar me seduz, no que julgo ser um delicioso recalcamento dos tempos em que o mar de Agosto na Costa Nova era de Bustos.
Nos finais dos anos 50 e durante os anos 60, a colónia bustuense naquela praia formava quase um império. 
"É malta! Hoje o mar é de Bustos" - dei por mim um dia a gritar durante o banho das 11.
Era para a Costa Nova que muitos de nós íamos, fosse no mês de Agosto (para as famílias mais abonadas), ou fosse logo a seguir ao S. Miguel das principais colheitas, em finais de Setembro, princípios de Outubro (para os corpos doridos de tanta labuta e meia dúzia de cobres aforrados no magro bolso). 
Durante uma ou mais semanas e a troco de poucos escudos, os lavradores menos abonados  encontravam na outonal e chuvosa Costa Nova descanso para a dureza dum ano  de campo. Os calos das mãos e os gretados pés de tanto pisar o chão durante o amanhadio das terras, dali regressavam amaciados, prontinhos para retomar o trabalho de cão. 
Se chovia, era ver os homens a jogar às cartas, às vezes dias seguidos. As "patroas", essas, entretinham-se no crochet ou nos bordados. Ou na má-língua.
Ligado a este mar andou sempre o bacalhau-nosso-de-cada-dia.

A Epopeia dos Bacalhaus é outro tema que me seduz. Para o mar das campanhas fugiram jovens como eu, assim procurando livrar-se da mobilização para a guerra no querido ultramar do regime salazarista [curioso: nunca encontrei um único filho do regime a bater com os costados no mato].
Há momentos atrás, enquanto viajava meio perdido pela net à procura de porto de abrigo, encontrei uma preciosidade: um vídeo do famoso National Film Board of Canada sobre uma viagem do "Santa Maria Manuela", em plena 2ª metade dos anos 60.
O vídeo é longo em demasia para incorporar aqui.
Em 15 minutos de vídeo, o realizador canadiano retratou o Portugal de meados dos anos 60: a dureza do trabalho, a igreja do regime e o regime da igreja, os rostos sem esperança. De forma explícita, implícita ou mais subliminar, está lá o nosso retrato. 
Ou o retrato que andaram a tirar-nos à força durante anos a fio.
Por favor, não percam este THE WHITE SHIP!
Boa viagem!
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- Não conheço a "Patricio Family", que me parece originária dos Açores dos princípios do séc. XIX. Mas Gente com Raízes destas merece o nosso carinho. Merece que se lhe diga: Bem Hajam, Patrícios!
- Imagem extraída de "A Epopeia dos Bacalhaus", de Francisco Manso e Óscar Cruz, Distri Editora, 1984, pág. 25: "saudações às altas individualidades do Estado e da Igreja presentes à cerimónia de despedida de mais uma campanha."
- Consultar ainda: "História da Pesca do Bacalhau - por uma antropologia do fiel amigo", de Mário Moutinho, Imprensa Universitária, Editorial Estampa, 1985.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

De como o mar está cheio de peixes que sabem nadar

Eles não precisam da canção do Zeca Afonso (O que é preciso é animar a malta!).
Eles sentem-se como peixe jovem que sabe nadar, e bem. Mas foi proibido de o fazer pelo avô-peixe.
Como ando atento ao mundo aquático que me rodeia e apesar das últimas pescarias em branco, foi meio escondido por entre pedras, navios afundados e sargaços mil que ouvi o interessante diálogo familiar. Oiçamos, pois.
Do alto do seu saber de experiência feita, anos e anos a nadar, a nadar, a nadar, (1)  assim falava o avô-peixe ao agitado cardume dos peixes-crianças:
- Vocês ainda são muitos novos! Ainda têm muito que aprender! Nós, os velhadas, é que sabemos o que é a vida!
E lá continuou, do cume do seu enegrecido rochedo:
- Com que então já querem atirar-se ao mesmo prato das saborosas minhocas do mar de que nos vimos alimentando há séculos e seculorum? 
Têm muito que esperar! Fiquem-se pela farinha maizena, pela papinha! 
Era o que nos faltava! Bem podem esperar sentados nas pedritas do mar!
A quererem ser livres neste mar que é nosso, ó fedelhos dum raio!
- Este mar que há-de ser nosso até eu cair da cadeira! [como o outro, o peixe-salazar]

Com um ar cada vez mais sério e teatral, prosseguiu: 
"Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um Povo que quer o mar que é teu..."
[etc., etc., etc. e tal] (2)

Quanto mais o avô-peixe - qual D. Sebastião - se perdia por entre o nevoeiro e continuava a falar d' El-Rei D. João Segundo, da roda da nau que voou três vezes (voou três vezes a chiar), das cavernas e tectos negros do fim do fundo, do homem do leme que tremeu e disse «El-Rei D. João Segundo», mais o  numeroso cardume dos peixes-arraia-miúda se ia afastando, afastando. 
Afastando.
Até que perderam de vista o avô-peixe, o pai-peixe, a mãe-peixe,  a peixeirada.
Finalmente, pararam. 
Um deles, que me pareceu o líder, dirigiu-se aos demais. Em tom apaixonado, mas firme, começou assim:
No lugar dos palácios desertos e em ruínas
À beira do mar,
Leiamos, sorrindo, os segredos das sinas
De quem sabe amar.
...
... 
Gosto muito de robalos, douradas, sargos e pargos. Desde que sejam "quileiros".
Os juvenis, esses, devolvo-os ao mar.
Que o futuro a eles pertence.
__
(1) Tal como o boneco das pilhas duracell, o avô-peixe nadou durante 160 anos e teima em voltar a nadar mais outros 160. O autor destas linhas, esclarece que, na morfologia peixeira, esta idade corresponde a 10 vezes a idade do homem-peixe-que-teima-em-voltar-a-nadar.
(2) Era óbvio que o avô-peixe citava "O Mostrengo", celebrado poema da "Mensagem", da autoria de Fernando Pessoa-Ele-Próprio.
Deixei de ter dúvidas: o avô-peixe continua agarrado aos fantamas do passado, à poesia do antigo regime, à vertente épica e passadista do Poeta dos grandes heterónimos.
O avô-peixe continuava a desprezar os Álvaros de Campos, os Ricardos Reis, os Albertos Caeiro.
E andei eu, guevarista de meia tijela, a ler poemas de Abril na Assembleia Municipal...
*
CITAÇÕES: 
- Mensagem, de Fernando Pessoa, Colecção Poesia * Edições Ática, 13ª edição, págs. 62 e 63;
- Poesias, de Álvaro de Campos, mesma editora, 1ª edição, pág. 19.
- Imagem da capa: Exigir o Impossível, de Herbert Marcuse / Ed. Lobo Mau / Editorial Teorema /25 de Junho de 1974.

domingo, 30 de agosto de 2009

O disco volta a tocar do mesmo…

O post antecedente criou alguns engulhos, perturbações de espírito. Se calhar, medos, muitos medos.

Tarde e a más horas, foram vários os amigos que se queixaram:


a) Ou de que me esqueci de identificar no texto os homens e mulheres. Era fácil: bastava escrevinhar 36 nomes…

Como se o objectivo do texto não fosse apenas o de expor o princípio, a regra, que levou a que pouco ou nada mudasse na filosofia dos partidos concorrentes!

A ver se nos entendemos: para o efeito, que importa quem é quem? Para publicitar nomes, existem as listas expostas no Tribunal. É só ir lá, que a Lei não o proíbe, pelo contrário: até incentiva o cidadão comum a tomar conhecimento do processo eleitoral.

É um direito, mas também um dever, sobretudo de quem tem responsabilidades político-partidárias. Foi por tal razão legal que as listas estiveram expostas em edital, como manda o formalismo processual.

Esqueceram-se dos deveres, do trabalho de casa? Lamento, mas não choro sobre leite derramado por descuido ou negligência grosseira.

Como se não bastasse, pelo menos as listas completas dum dos partidos também foram divulgadas num blogue bem conhecido no concelho – o Bairrada Digital. É só clicar no endereço aqui ao lado direito. Para facilitar, aqui vai uma ajudinha, direitinha ao sítio, que é mesmo AQUI. (*)

Como é de exigir a um blogue generalista e aberto, também o Notícias de Bustos publicou uma outra lista. E desde a 1ª hora que se afirmou disponível para colocar lá as restantes. Estão à espera que vamos lá a casa pedi-las?


b) Ou então queixam-se de que o bloguedooscar deveria ser uma porta aberta ao universo dos partidos concorrentes às autárquicas.

Repita lá? Então um blogue pessoal e intimista (por mais transmissível que se queira), o espelho do pulsar, do sentir, do modo pessoal de alguém ver e olhar para o mundo, é balde comum? É albergue espanhol?

E que tal se dormissem menos e fizessem mais trabalho de casa?

Do céu, que eu saiba, pode cair chuva e tempestade, sol e bonança. Até milagre pode cair, como o de S. Lourenço de Bustos, em quem piamente acredito e de que sou devoto confesso e assumido.

O que certamente não cai do céu é a solução para a cegueira e o tanto dormir duns quantos!

Não foi por acaso que me recusei a integrar as listas do partido de que guardo o cartão de sócio num sítio que agora não me lembro.

Não é por acaso que odeio a ditadura dos aparelhos partidários: vou perdendo dentes desde os meus 17 anos. Já me faltam uns 6 ou 7. Mas nem a querida dentista, ali da Póvoa, me convence a pôr o malfadado aparelho.

Sou contra. Por isso, daqui vos grito bem alto e de punho erguido:


ABAIXO O APARELHO!

MORTE À DENTADURA DO PROLETARIADO!

__


(*) Tomando como referência a mãozinha do rato, não o partido da mãozinha, que também não se livra de alguns resquícios do mesmo mal de que os outros estão contaminados.

- Imagem extraída de Asterix e o regresso dos gauleses / 14 histórias completas / O regresso às aulas, de René Goscinny e Albert Uderzo, Edições ASA, 1ª edição / Novembro de 2004.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Viró disco e toca o mesmo…

Dediquei ontem uns minutos a consultar o processo eleitoral entrado no agora chamado Juízo de Média e Pequena Instância Cível de Oliveira do Bairro, anteriormente designado por Tribunal Judicial. Desde Abril passado, passámos a pertencer à Comarca do Baixo Vouga, assunto que abordei AQUI, aproveitando para elogiar o resultado e desancar no processo. Para quem queira conhecer o mapa da nova comarca-piloto, é só ir ALI.
Claro que a minha consulta tinha um objectivo óbvio: sempre com o primo Freud na mente, analisar o apenso onde constam as listas apresentadas pelos 4 partidos concorrentes à Assembleia de Freguesia de Bustos.

Velho do Restelo.
Imagem extraída do BLOG DO INSURRECTO, com a vénia devida.

O resultado é mais do que óbvio:
Os velhadas e o pessoal do “aparelho” continuam agarrados ao poder local como lapa ou mexilhão aos pedregulhos dos molhes da Barra. Náusea (eu disse náusea, ainda que em sentido figurado) foi aquilo que senti. Vontade de vomitar a política que tenho mastigado e engolido durante uma vida toda. A modos de quem acaba de comer marisco esquecido durante 40 anos na despensa da cozinha.
Não acreditam?
Vamos à prova dos nove, já que são 9 (nove) os candidatos efectivos à Assembleia da minha freguesia:
- Enumeração, por sexo e idade, dos nove (9) candidatos efectivos, pela ordem do sorteio nos boletins de voto (brancos, como é costume):
- PS: 1º: mulher, 47 anos; 2º: mulher, 24 anos; 3º: homem, 19 anos; 4º: mulher, 25 anos; 5º: mulher, 21 anos; 6º homem, 28 anos; 7º: mulher, 42 anos; 8º: mulher, 22 anos e 9º: homem, 25 anos.

São 6 mulheres e 3 homens
Média das idades: 28 anos

- CDS: 1º: homem, 32 anos; 2º: homem, 57 anos; 3º: mulher, 74 anos; 4º: homem, 63 anos; 5º: homem, 71 anos; 6º: mulher, 43 anos; 7º: homem, 66 anos; 8º: homem, 34 anos e 9º: mulher, 41 anos.

São 6 homens e 3 mulheres (à justa!)
Média das idades: 53 anos

- CDU: (não registei a distribuição por sexo, mas não fugirá à da lista antecedente e à procedente).
Média das idades: 51 anos

- PSD: 1º: homem, 41 anos; 2º mulher, 39 anos; 3º homem, 68 anos; 4º mulher, 53 anos; 5º: homem, 35 anos; 6º: homem, 60 anos; 7º: mulher, 47 anos; 8º: homem, 31 anos; 9º: homem, 55 anos.

São 6 homens e 3 mulheres (à justa!)

Média das idades: 48 anos
...
E mais não digo.
Por agora, que a alma pede descanso. E dieta, muita dieta.
Vou fugir para longe disto tudo.
Amanhã, a gente conversa.
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Post scriptum:
- A lista completa dos candidatos do PS à As. de Freguesia está nos TEXTOS DISPERSOS do NB, no seguinte endereço: http://bustosblog.blogspot.com/
- Já comuniquei informalmente aos outros concorrentes que o sítio está à disposição, bastando enviar-me, ou ao BC ou ao Altino, o suporte digital.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

VIDA E MORTES DE FERNANDO H

Depois do acto solene do sorteio das listas concorrentes às Autárquicas de Oliveira do Bairro fui almoçar ao imenso Papatudo, ali na Alagoa de Águeda.
Ademais, o amigo Fernando precisava dos serviços do escritório. Aproveitei para me fazer acompanhar das 2 (duas) candidatas da lista de Bustos, a tal nascida para a pedrada no charco da politiquice...
Às tantas, o sofá do 1º andar virou divã de psicanalista. Mal a longa conversa começou, comentei que o Fernando não precisava de mim nem do colega Aleixo, mas do irmão deste, psicanalista de renome em Lisboa.
Perceberão porquê.
A história do Fernando trouxe-me à memória um texto que me saiu dos caboucos da alma e que aqui postei em 16/9/2008: morrer de morte matada. Dêm um salto AQUI, que o caso não é para menos.
Mas ouçamos o Fernando H:
" A minha vida começou aos 16 anos: um dia pedi ao meu pai dinheiro para cortar o cabelo. Quando cheguei a casa para lhe entregar o troco, encontrei o meu pai enforcado.
Comecei aqui a minha luta pela vida. Fui logo trabalhar num matadouro: esquartejava por dia 100 bois, 400 a 500 porcos e umas 300 ovelhas.
Cerca de um ano depois fui para a construção civil, como ajudante de carpinteiro, mas só uns meses. Entretanto, acabei o curso de desenho técnico na Escola Ratton, em Tomar.
A seguir veio a Suiça. Até que resolvi apanhar (em Sierre) um autocarro que vinha para Águeda. Porquê Águeda? - Porque sim, ele estava ali, como que à minha espera e, lembro-me tão bem, parou mesmo em frente à Escola Marques de Castilho. Trazia uma mala na mão e dinheiro para alugar uma casa.
Trabalhei numa fábrica de fibras (3 meses) e depois 5 anos na Metalcértima (Oliv.ª do Bairro).
Depois veio o Zip Zip e o casamento com a filha do dono (1); depois, o restaurante Artur, no Silveiro, a pensão Parreira em Aguada de Cima, o Artur 2/Espeto do Boi.
E agora o PapaTudo.
Mas não sou de me ficar por aqui."
*
A restauração passou a ser a caçadeira de canos serrados do Fernando H/Faustino C.
Ao contrário do anti-herói que me arrebatou uma noite inteira para toda a vida, o Fernando merece a nossa piedade e o nosso respeito.(2)
E muita amizade.
Para toda a vida.
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(1) Antes dum divórcio, há sempre um casamento ao virar da esquina. E disso percebemos nós, não é, Fernando?
(2) In, NOTA EXPLICATIVA de "VIDA E MORTES DE FAUSTINO CAVACO", da autoria de ROGÉRIO RODRIGUES.
- VIDA E MORTES DE FAUSTINO CAVACO: Organização de Rogério Rodrigues / Editora ER Heptágono, por subcedência de direitos de Euroclube, SA / Capa de Vitorino Martins / Composição: M. Esther - Gab. de Fotocomposição / Impressão e acabamento: Printer Portuguesa / Depósito legal n.º 27 480/89.
Com a devida vénia, que é muita e mais do que merecida.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Bonança

É o que vem depois da tempestade.
Depois de meses a dividir-me entre o trabalho e a realização das Festas em Honra de S. Lourenço de Bustos (um sucesso) e duma curta mas intensa incursão na preparação e apresentação duma lista para a Assembleia de Freguesia (uma pedrada no charco da política local)...
...só mesmo um dia de bonança.
E logo ontem que a minha mãezinha se lembrou outra vez de desfazer anos.
Presenteei-a com uma caldeirada de peixe divinal, que fiz acompanhar dum excelente espumante da Adega Cooperativa de Cantanhede.
A restante família estava de férias para o Cartaxo, como se usa dizer. Excepto a Bia e a nova e turbulenta aquisição.
Nem a propósito: quanto mais conheço os homens mais gosto das minhas cadelas.
...
Fui lá fora e não vi o céu estrelado.
Hum! Vem aí novo temporal!
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- O retrato é de Junho de 1943, ainda eu não lhe estava nos planos.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

fui à pesca e não pesquei...

Uma só lua no céu,
uma boca no teu rosto.
Muitas estrelas no céu,
só dois olhos no teu rosto.


- Imagem: Corto Maltese.
- Poema dos índios aztecas, versão de Herberto Helder. Extraído do livro "Rosa do Mundo - 2001 poemas para o futuro" \ 3ª edição \ Assírio & Alvim (pág. 157).

sábado, 22 de agosto de 2009

Afrodisíacos...

Rebuscando nas memórias dum tempo cada vez mais longínquo e antes que a morte me pregue uma qualquer partida, vou-me apressando a devorar notas e apontamentos que o meu saudoso pai (1.8.1917 - 6.1.2005) ia registando num dos livrinhos que o acompanhou nas suas lides de ferrador e castrador diplomado.
A capa em cabedal castanho faz lembrar o clássico e lendário bloco "moleskine".
A páginas tantas, encontro esta preciosidade: o receituário de "Afrodisíacos Para o Cio".
Com indicação das doses para cavalo, boi e cão.
Já agora: quantos cc (centímetros cúbicos) seriam necessários para o bicho homem?
Afinal, hás uns 50 anos atrás a própria bicharada já tinha ao alcance da pata o seu viagrazito...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Abaixo o regime! Viva o gordo!


A partir de hoje, o BO está ao serviço da Revolução Cultural.
Contra os maus costumes e hábitos instalados.
Contra o poder pelo poder.
Contra o quero, mando e posso.
Contra a falta de ética, o vale tudo.
Contra os pneus recauchutados, causa de tantas mortes nas estradas municipais.
Contra as pilhas "duracell", porque o boneco repete sempre os mesmos gestos.
Contra o compadrio e os afilhados.
Contra a política dos favores.
Contra a treta da experiência,
que só serve para se agarrarem ao tacho.
Contra as promessas por cumprir.

Contra a falta de pinta e de imaginação!

Estamos CONTRA,
porque estamos fartos de os conhecer!
E de comer sempre farinha maizena!

QUEREMOS A MALTA NO PODER!

Porque sabe o que quer, tem ideias.
E uma visão diferente do mundo.
Porque o passado foi ontem
e o futuro começou hoje.
Porque o futuro é deles!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Porque defendo os meninos não sendo menino?

Porque me sinto como eles, sem esperança no destino...
Nada acontece por acaso. (*)
O excerto do poema do Carlitos Luzio que publiquei no NB, aqui, explica tudo.
Ou preferem este, sobre os velhos do Restelo, que representam o conservadorismo, as vãs promessas a que se referia Camões no Canto IV dos imortais Lusíadas?
Farto de ideias gastas e de gente carcomida pelo caruncho da política que promete tudo (do género: "adere à nossa lista, que temos aqui um tacho para ti"), resolvi aprender com a malta nova.
Como não sou sábio e acredito que o mundo não acabará quando eu morrer, atirei-me de alma e coração à causa dos meus netos. Porque o futuro é deles.
Porque a única geração rasca que conheço é a dos políticos que insistem em continuar até à náusea.

Sabem porque odeio as pilhas "duracell"?
- Porque o boneco não se cansa de repetir os mesmos gestos.

Não sei se sabem, mas eles - os jovens na casa dos 20 - são melhores do que nós, os velhadas.
E têm ideias, planos para o futuro da minha terra, que é a mais linda de todas. Tal como cada uma das outras é a terra mais linda de todas.
Eles têm ideias para Bustos. Para o concelho.
Até para o país merdoso e carunchoso que herdaram dos pais e dos avós.
Os velhadas (incluindo os corpos jovens em mentes enrugadas) deviam é ter vergonha na cara!
E não se pode defenestrá-los?
Claro que pode!
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(*) Não foi por acaso que o meu S. Lourenço morreu na grelha: estava destinado a ser padroeiro de Bustos, das suas raízes (durante muito tempo mantive um endereço electrónico a que dei o nome de "raizesdebustos@...").
- A foto do manguito foi editada por AQUI algures.