sábado, 20 de setembro de 2008

A palavra e a mão

Em 1969, Alberto Martins e Celso Cruzeiro encabeçavam a lista candidata aos corpos gerentes da Associação Académica de Coimbra patrocinada pelo Conselho das Repúblicas (CR). A vitória foi esmagadora e bem se pode dizer que o fascismo serôdio começou aí a caminhada para o derrube final em 1974. 
Integravam ainda a lista efectiva:
- Direcção Geral: além dos citados, José Salvador, José Gil, Matos Pereira, Fernanda Bernarda e Osvaldo Castro;
- Assembleia Geral: Décio Sousa, Joaquim Gil, Silva Pinto e Fátima Saraiva;
- Conselho Fiscal: Carlos Baptista, José Barata e José Cabral.
Não fosse o diabo tecê-as, havia uma lista substituta, de que faziam parte Américo Borges, Augusto Leitão, Bento Machado, Emídio Viegas, Palma Dias, José Miguens, Manuel Lacerda, José Ferreira, Strecht Monteiro, Rui Lobo, Rui Pato, Custódio Arroja, Redondo Lopes e Virgílio Pimenta.

O Alberto Martins é o actual líder parlamentar do PS na Assembleia da República e mantém o perfil que lhe conheci em Coimbra: educado, de voz branda e doce, o estudante certo para pedir a palavra ao palhaço do então presidente Américo Tomás aquando da inauguração do edifício das Matemáticas em 17 de Abril de 1969. O episódio fez história e recordo-o como se fosse hoje. Testemunhei.
O Celso Cruzeiro é advogado em Aveiro e mantém o perfil panfletário e combativo de sempre.
Embora por razões de ciência bem diferentes, quis o destino que acabassem por servir os interesses do partido no poder: enquanto o 1º lá vai controlando a rebeldia da bancada socialista, o 2º entregou ao PS, numa bandeja limpa de mácula, aquele que alguns desejam ver como novo delfim do regime.
O diabo sabe tecê-las...

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"A palavra e a mão" - Título dum caderno de poemas e desenhos editado em Coimbra em Maio de 1969, donde saquei a pequena imagem à direita;
- O bem documentado programa da lista do CR incluía 9 cadernos, sob o título "
Para uma Universidade Nova". Tal como ao cadernoguardo o programa religiosamente.
- Sobre a crise académica de 69, Celso Cruzeiro publicou "
Coimbra, 1969", Edições Afrontamento, 1989, que também guardo religiosamente. Sou muito crente.